A pujança do Agro brasileiro imprime ritmo acelerado nos portos do país. Navios graneleiros escoam a produção junto ao entusiasmo do setor com a safra 2019/2020, projetada em 250,54 milhões de toneladas, um novo recorde. Do Sul do país ao Arco Norte, as exportações ditam a economia que sobrevive aos impactos da pandemia. No principal porto paranaense, em Paranaguá, um ícone majestoso: o navio Pacific South, com seus 292 metros de comprimento e 45 metros de largura, que atracou com sua capacidade de transporte de 103 mil toneladas de farelo soja.
O panorama altamente positivo nos portos brasileiros é o destaque na segunda live da websérie Especial Logística Integrada, realizada pelo LIDE Paraná com a correalização do LIDE Mato Grosso e LIDE Santos. A iniciativa dos três grupos de líderes empresariais reafirma a participação ativa do segmento no debate qualificado de grandes temas nacionais e das perspectivas para o pós-pandemia.
Em Paranaguá, o forte volume de operações é acompanhado pelo consistente protocolo de medidas de segurança contra o avanço da Covid-19. A nova rotina inclui a aferição de temperatura de trabalhadores e a distribuição de kits de proteção individual, orientações de saúde aos caminhoneiros e desinfecção de caminhões. No cais, estações de higienização foram instaladas dentro e fora da faixa portuária, entre outras medidas também estendidas ao pátio, operações, silos, moegas e píer.
“Os recordes nas operações vêm ao encontro das necessidades do agro, seja pela colheita ou oportunidade de comercialização de produtos. Somos bastante demandados e o que cabe ao porto como elo logístico da cadeia é se preparar, se prevenir, e manter a profundidade dos canais e berços, dando condições aos usuários de que essa demanda seja atendida satisfatoriamente”, destaca o diretor de Operações Portuárias do Porto de Paranaguá, Luiz Teixeira da Silva Júnior.
O executivo ressalta que todas as medidas de prevenção se somam ao papel da autoridade portuária, no bojo da concessão federal, de regulamentar, fiscalizar e “ser um facilitador da operação portuária”. “Há vários usuários do porto, muitas vezes com interesses diversos, e temos que dar condições para que todos sejam atendidos da melhor maneira possível, considerando tudo o que diz respeito ao meio ambiente e à legislação brasileira. Fazemos, então, essa gestão colaborativa entre os usuários”.
Também painelista no encontro virtual, Maxwell Rodrigues, apresentador do Programa Porto & Negócios, chama a atenção ao fato de que os ganhos em escala em logística e a competitividade nos preços praticados nas operações portuárias sejam cada vez mais exigidos por um mercado ágil e fortemente demandante. “Os outros portos estão preparados, como o Porto de Santos e o próprio Arco Norte, que está sendo bem estruturado. Isso não é um privilégio só de Paranaguá. A grande preocupação que temos que ter é que commodity é “price”. Ou seja, é preço”.
O analista ainda alerta para o contexto atual brasileiro, em que a forte demanda do mercado internacional pelos produtos primários brasileiros se contrasta com o sucateamento de alguns segmentos industriais internos e com a provável queda no volume de importações no terceiro trimestre do ano, o que irá desequilibrar sensivelmente a balança comercial brasileira. Com a logística nacional no centro da pauta de discussões, outro ponto de atenção é a insegurança jurídica provocada por fragilidades regulatórias e sucessivas decisões judiciais que impactam o ambiente de negócios e o chamado Risco-Brasil.
“O investidor internacional tem muita dificuldade em fazer o business to plain no país em razão da instabilidade jurídica e institucional do Brasil. Isso leva a que muitas empresas não tenham ânimo em investir no nosso país”, posiciona Rodrigues.