O desempenho do crédito rural no penúltimo mês da atual safra agrícola (2019/2020) continua superando o resultado da temporada anterior, com total de R$ 207,56 bilhões.
O financiamento com as operações de custeio contabilizou R$ 97,23 bilhões (+11%), investimento, R$ 45,98 bilhões (+18%) e industrialização R$ 10,24 bilhões (+63%). O crédito de comercialização teve redução de 11%, e ficou em R$ 20,92 bilhões, resultante, principalmente, de aumentos nos preços agrícolas, o que desestimula a formação de estoques. Os recursos originários da captação de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e direcionados para aquisições de Cédulas do Produto Rural (CPR) somaram R$ 22,7 bilhões e de operações com agroindústrias totalizaram R$ 10,5 bilhões.
Os números fazem parte do Balanço de Financiamento Agropecuário da Safra 2019/2020, divulgado pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“O foco do apoio creditício está sendo direcionado cada vez mais para os pequenos e médios produtores rurais e para os programas prioritários de investimento. A participação dos grandes produtores, que respondem pela maior parte do crédito rural, está sendo, aos poucos, reduzida”, avalia o secretário de Política Agrícola, Eduardo Sampaio. “O desempenho favorável das aplicações do crédito rural reflete a confiança do produtor em sua atividade, apesar da ocorrência do Covid19”, diz Sampaio.
LCA
O valor total do desempenho do crédito rural computou, pela primeira vez, a partir de informação do Banco Central, os recursos originários da captação de LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) destinados ao financiamento de aquisições de Cédula do Produto Rural (CPR) e de operações com agroindústrias.
Embora previstos anualmente no Plano Safra, esses dados não vinham sendo contabilizados, pois somente eram captados os valores dos financiamentos realizados diretamente para o produtor rural, registrados no Sistema de Operações de Crédito Rural e do Proagro (Sicor), também do Banco Central. A safra da temporada, 2018/2019, também não possuía essa informação.
Os financiamentos contratados com recursos provenientes do direcionamento da captação da LCA totalizaram R$ 56,9 bilhões, sendo R$ 23,7 bilhões diretamente ao produtor rural, pelo crédito rural propriamente dito e, R$ 33,2 bilhões,indiretamente, mediante financiamento de aquisições de CPRs e de operações com agroindústrias, que, conforme mencionado, passam agora a ser computadas.
“Nesta divulgação, conseguimos computar pela primeira vez os recursos originários da captação de LCA para aquisições de CPR’s e de operações com agroindústrias, um valor de R$ 33 bilhões, bastante significativo, que acaba também chegando ao produtor rural”, completa o Secretário.
Custeio e investimentos
De acordo com o boletim elaborado pela SPA, o aumento nos financiamentos de custeio foi elevado sobretudo pela contratação feita pelo médio produtor rural (Programa de Apoio ao Médio Produtor – Pronamp), atingindo R$ 22,78 bilhões (34%). A principal fonte de recursos foram os depósitos à vista, que aumentaram 73%. Os financiamentos dos agricultores familiares (Pronaf) atingiram 12,93 bilhões (aumento de 15%), tendo a poupança rural subvencionada como principal fonte de recursos.
O crédito de custeio direcionado aos demais produtores se situou em R$ 61,51 bilhões e responde pela maior parte deste financiamento, aumento de 3%.
O percentual de crescimento nos financiamentos aos médios produtores (Pronamp) foi ainda mais elevado quando destinado a investimentos, atingindo R$ 2,49 bilhões, aumento de 115%. No Pronaf alcançou R$ 12,13 bilhões (+19%) e R$ 31,36 bilhões (+14%) para os demais produtores.
Os investimentos realizados no âmbito dos programas de investimento, administrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com recursos do BNDES e do Banco do Brasil, tiveram acentuado incremento com destaque para Pronamp R$ 2,49 bilhões (+115%), Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro) R$ 1,28 bilhão (+63%), Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC) R$ 2,02 bilhões (+44%) e Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) R$ 1,36 bilhão (+31%).