Todo final de outono, os pecuaristas gaúchos já sabem: é hora de controlar o carrapato bovino para evitar contaminações por Tristeza Parasitária Bovina (TPB), um complexo de três agentes que podem ser transmitidos por este parasito e que é a principal causa infecciosa de mortes em bovinos no Rio Grande do Sul. Este ano, porém, uma elevação de casos de TPB ligou o sinal de alerta no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), vinculado ao Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).
“Mesmo tendo em conta que nesta época há um aumento esperado nos casos, nas últimas três semanas, a quantidade de amostras recebidas para diagnóstico de TPB no IPVDF mais que duplicou em relação aos últimos anos”, alerta o médico veterinário José Reck, do Laboratório de Parasitologia do instituto, responsável pelo diagnóstico desta enfermidade. Reck destaca a importância de os produtores redobrarem a atenção neste momento, procurando o diagnóstico confirmatório dos casos. “A definição de qual dos agentes infecciosos está causando cada surto é essencial para propor planos de controle e prevenção de novos casos”, explica.
Nesta semana, a secretaria está conduzindo uma ação integrada dos departamentos de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) e de Defesa Agropecuária (DDA) para investigação de casos suspeitos de Tristeza Parasitária Bovina na região de Santa Vitória do Palmar, considerada naturalmente livre de carrapatos. “Por ter essa particularidade, os animais desta região não têm imunidade para a TPB, o que pode levar a grandes perdas na ocorrência de surtos”, detalha o médico veterinário Bruno Dall’Agnol.
Ações de controle do carrapato são necessárias para evitar que os surtos continuem ou se ampliem. “A Seapdr oferta periodicamente treinamentos e dias de campo para grupos de produtores no interior do Estado sobre controle de carrapato e TPB”, ressalta a médica veterinária Rovaina Doyle, do Laboratório de Parasitologia do IPVDF. Mais informações sobre a oferta destes treinamentos podem ser obtidas pelo e-mail contato-ipvdf@agricultura.rs.gov.br.
Tristeza Parasitária Bovina
Transmitida pelo carrapato, a Tristeza Parasitária Bovina é responsável pela perda de 100 mil animais por ano no Rio Grande do Sul, segundo estimativas da Seapdr. A TPB também causa prejuízos devido à anemia e redução no ganho de peso do rebanho, bem como redução na produção de leite. Segundo dados compilados nos últimos dez anos pelo DDPA, o final do outono e final da primavera concentram a maior parte dos casos de TPB no Estado.