A proibição judicial do uso do Dicamba nos Estados Unidos foi comemorada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). A entidade foi precursora no levantamento de discussão quanto ao uso do herbicida no Brasil e espera que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento siga o exemplo norte americano e não permita o uso do produto no país.
Presidente da Aprosoja Mato Grosso e vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Antonio Galvan, conta que acompanhou de perto os estudos científicos do Dicamba desde o início, inclusive visitando lavouras e universidade nos Estados Unidos.
“Trouxemos esse alerta ao Brasil, fomos direto ao Ministério da Agricultura, numa iniciativa da Aprosoja MT, na sequencia seguida pela Aprosoja Brasil, porque essa questão é bastante grave. Uma tecnologia que foi instalada numa resistência na soja com a promessa de que seria, em tese, para ajudar a controlar as folhas largas, por sua eficiência. Esperamos agora que o Mapa reveja essa autorização que foi dada para essas pesquisas para uma possível liberação dele já em 2022, para que isso não venha a acontecer aqui no Brasil”, dispara Galvan.
Presidente explica ainda que o herbicida preocupa os produtores brasileiros principalmente pela ineficiência e volatilidade. “Nos deparamos com a ineficiência dele, porque só age no estágio em que a planta está muito pequena, fase inicial. Lançamos esse alerta aqui no Brasil e deixamos dito que ele não funcionaria aqui, pois ainda tem problema da deriva que seria a volatilização”, contou o presidente.
Na mesma linha, o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, lembrou das consequências do uso do Dicamba nas lavouras vizinhas, especialmente no plantio de soja convencional e reafirma que os produtores brasileiros de soja são totalmente contra o uso do herbicida.
“Nos Estados Unidos vimos que liberaram este produto por uma necessidade muito grande porque estavam sem controle dos amarantos. Mas nos deparamos com consequências gravíssimas, com injúrias a propriedades vizinhas. Injúrias aonde não são as mesmas variedades, não são as mesmas tecnologias do Dicamba. A gente está vendo até hoje nos Estados Unidos vários produtores que plantam soja convencional ou outra soja que não possui essa tecnologia, sendo prejudicados. Nós discordamos totalmente dessa tecnologia, não é necessária, ela vai trazer somente custo de produção. Somos contra o uso desse produto no Brasil, o produtor que fizer vai ter problemas. É um produto inadequado as condições do Brasil. Temos que tomar cuidado porque vai trazer muito mais prejuízo que benefício ao produtor”, afirmou Bartolomeu Braz.
Proibição nos EUA
Esta semana, um tribunal de recursos dos Estados Unidos decidiu proibir a venda no país de produtos com o princípio ativo Dicamba, que é um herbicida utilizado na produção de soja. Um painel de três juízes decidiu que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) subestimou significativamente os riscos relacionados ao uso da tecnologia.
O Dicamba é um herbicida que a indústria dos Estados Unidos tem buscado estudos para usar e torná-lo substituto do glifosato, utilizado na produção da soja transgênica.