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São Paulo produz 90% do amendoim brasileiro

Paçoca e pé de moleque são doces típicos no Brasil, principalmente em junho, quando se celebra as Festas Juninas. Devido a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), as comemorações deste ano foram afetadas, mas nada impede que a população se delicie em casa com o amendoim, produto fruto do agro paulista, que é responsável por 90% da produção nacional e abriga parte importante dos demais elos da cadeia de produção.

A safra de amendoim deste ano foi beneficiada pelo clima e a alta do dólar favoreceu as exportações, gerando renda aos produtores do Estado, mesmo no momento de pandemia. Durante todo o mês de junho, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo divulgará semanalmente textos sobre produtos juninos paulistas que recheiam as mesas durante essa época do ano e suas ações para fomentar a produção na área de pesquisa, extensão rural e abastecimento.

Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) mostram que a produção de amendoim em São Paulo, em 2020, foi de 602,9 mil toneladas, produzidas em 1.500 propriedades rurais, localizadas, principalmente, em Jaboticabal, Presidente Prudente, Tupã, Marília, Barretos, São José do Rio Preto, Assis, Lins, Catanduva e Ribeirão Preto. O Valor de Produção do Amendoim no ano foi de R$ 1,03 bilhões.

Ao todo, 198 mil toneladas de amendoim em grãos foram exportadas pelo Estado de São Paulo, principalmente para Rússia, União Europeia e Argélia. Outras 39 mil toneladas de óleo de amendoim foram também exportadas pelo Estado para China e Itália. O valor arrecadado com essas transações chegou a 276 milhões de dólares. No mercado interno, o produto é utilizado principalmente na indústria para produção de confeitos, amendoim salgado e pastas proteica.

De acordo com Rodrigo Lemes, diretor de Tupã da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), o clima ajudou os produtores na safra deste ano e a pandemia não afetou a produção, já que o amendoim não é um produto perecível. “Houve um aumento de cerca de 10% na produtividade na área de cultivo. Os produtores estão comemorando a alta nos valores pagos”, afirma. “Nos dois anos anteriores, a seca afetou a produção, mas neste ano está sendo favorável ao Brasil com a saca valendo R$ 70,00. O amendoim colhido é de excelente qualidade e o dólar alto aqueceu o mercado de exportação”, confirma Luís Carlos Rodrigues, engenheiro agrônomo responsável pela Casa da Agricultura de Quintana, da área de atuação da CDRS Regional Marília.

Bom para produtores rurais, indústria e consumidores

Quem abre um pacotinho de pé de moleque ou de paçoca, consome amendoim torrado com cerveja ou até mesmo a pasta de amendoim antes do treino da academia pode nem mesmo notar, mas a produção da oleaginosa é baseada em ciência e São Paulo é também líder neste quesito. Estima-se que 70% das lavouras paulistas de amendoim sejam plantadas com cultivares desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA).

O IAC tem trabalhado no desenvolvimento de variedades do tipo runner, rasteiros e com vagens de duas sementes de pele clara, os mais procurados pelo mercado interno e externo. Os materiais possuem ainda a característica “alto oleico”, ou seja, alto teor de ácido oleico, que proporciona maior vida de prateleira do produto.

Em 2019, o Instituto lançou na Agrishow, o IAC Sempre Verde, primeira cultivar adequada para o mercado de produtos orgânicos. Esse amendoim tem grãos de pele vermelha, assemelhando-se ao de antigas variedades do tipo Tatu, muito plantadas no passado. Seu grande destaque é a alta resistência a doenças foliares. “A produtividade da IAC Sempre Verde pode atingir cinco mil quilos por hectare sem o uso de fungicida, resultado muito superior ao obtido por todos os amendoins existentes atualmente no mercado”, explica Ignácio José de Godoy, pesquisador do IAC. Pesquisas visando adaptar essa variedade para a produção de amendoim orgânico já estão sendo realizadas pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e o IAC.

Além do desenvolvimento de novas cultivares de plantas, a pesquisa paulista também realiza trabalhos relacionados ao manejo das principais pragas e doenças da cultura, como o tripes-do-prateamento, a lagarta-do-pescoço-vermelho e o percevejo-preto, mancha-preta, além do percevejo-preto e a mancha preta. Há trabalhos ainda relacionados ao cultivo de amendoim na palhada da cana.

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