O Grupo Técnico de Monitoramento do Abastecimento de Alimentos e produtos agropecuários no Estado de São Paulo lança nono diagnóstico atualizando os principais impactos da pandemia do Novo Coronavírus ao setor. Os dados englobam toda a cadeia, nos 645 municípios, e são de 18 a 22/05/2020.
O relatório faz referência às pesquisas do Cepea (Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), de janeiro a abril de 2020, em que o volume de produtos do agronegócio exportado pelo Brasil cresceu 6% frente ao mesmo período de 2019, com faturamento externo de US$ 31 bilhões. Diante desse resultado, a participação do setor nas exportações totais do País foi de 47% no primeiro quadrimestre.
Neste período, o maior volume embarcado esteve atrelado à elevação das vendas da maioria dos produtos do agronegócio, com destaque para algodão, carne suína, açúcar, soja em grão, óleo de soja, carnes bovina e de aves.
A China continua expandindo suas relações comerciais com o Brasil e aumentando a sua participação no total exportado pelo agronegócio. Do início de 2020 até abril, a participação do país asiático foi superior a 37% nas exportações totais.
Internamente, a alta nominal nos preços sobre o boi gordo segue inalterada em 27,8% nos últimos 12 meses, segundo a FinPec. A consultoria também registrou estabilidade na alta de 2,7% nas cotações do frango vivo registrada nos últimos 30 dias. Contudo, se mantém o recuo nominal de 16,7%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Em relação aos suínos, as cotações do suíno vivo também têm se mantido em alta, na média de 2,6%, porém ainda acumulando recuo de 29,5% para os cinco primeiros meses de 2020.
O grupo Técnico de monitoramento, segundo comparativo da FinPec, destacou o frango e o suíno como itens que melhor remuneraram o produtor nos últimos 30 dias, registrando aumento de preço de 2,7% e 2,6%, respectivamente.
Quanto aos ovos, a evolução das médias mensais dos preços pagos pelo frango abatido e pelo ovo no atacado da cidade de São Paulo mostra que ambos registram desempenhos opostos em 2020: o frango enfrenta baixas praticamente contínuas desde o início do ano, enquanto o ovo registra altas sucessivas, brevemente interrompidas em maio.
O nono diagnóstico também apresenta dados da pesquisa realizada quinzenalmente pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, junto aos representantes das Câmaras Setoriais com o objetivo de identificar os principais gargalos decorrentes da crise gerada pela pandemia do COVID-19.
Catorze câmaras setoriais participaram nesta pesquisa, dentre elas estão: 3FLV (Flores, Fungos, Frutas, Legumes e Verduras), amendoim, arroz/feijão, café, borracha natural, citros, macadâmia, olivicultura, produtos apícolas, suínos, caprinos e ovinos, trigo e uva e vinho. Todos os participantes relataram aumento de seus custos de produção em comparação àqueles vigentes antes da pandemia. Tais aumentos decorrem da alta nos preços dos insumos, dificuldades logísticas, custos de produção aumentados com redução no faturamento e despesa para adequação aos novos protocolos de segurança para mitigação das possibilidades de contágio da COVID-19.
O relatório finaliza com informações de que a demanda pelo serviço de transporte rodoviário de carga se manteve em queda, repetindo padrão muito próximo daquele registrado em semanas anteriores de 41,3%. Outro setor ainda bastante impactado é o de bares e restaurantes, com queda de faturamento anual acumulada, em relação ao mesmo período em 2019, da ordem de 59,5%.
Segundo o secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira, na agricultura e no agronegócio, para o alimento ir do campo à mesa do consumidor final é preciso planejamento e coordenação. “Este relatório é parte dessa ação e junto ao monitoramento de ações tomadas pelos agentes, visa promover meios para que o abastecimento seja sustentado e ampliado em todo o Estado de São Paulo”, afirmou ele.