Revista Rural 263 / maio 2020 – Um dos desafios de quem atua em pecuária leiteira é encontrar mão de obra especializada e capacitada. Na Chácara Sempre Verde, localizada em Castro (PR), não foi diferente. Após a saída do gerente que estava à frente dos trabalhos na propriedade, o proprietário Douwe Groenwold teve que assumir a dianteira e se deparou com uma dificuldade: o ex-funcionário levou seu conhecimento sobre os animais consigo.
“Quando comecei minha leiteria, eu tinha um gerente muito bom e que estava indo muito bem nos trabalhos. Porém, depois de um certo tempo ele começou o seu próprio negócio de leite. Então, quando ele saiu, tomei à frente das atividades com a minha esposa e foi quando percebemos que éramos dependentes demais de um único profissional e precisávamos de uma nova estratégia de gerenciamento para obter mais controle sobre o rebanho”, relembra o produtor de leite.
A propriedade foi fundada em 1994 e cresceu rapidamente com o uso de sêmen sexado. Atualmente, a Chácara Sempre Verde possui 690 animais, incluindo 340 vacas em lactação. Com um grande número de animais no rebanho para administrar e a saída do seu principal funcionário, Groenwold decidiu investir num sistema de monitoramento, para conseguir fazer uma melhor gestão da sua atividade e, como consequência, também atingiu melhores índices de produtividade.
Entre os benefícios que a tecnologia trouxe para a fazenda, o produtor mensura que a taxa de prenhez em primíparas alcançou o índice de 35% e, nas multíparas 27%. Além disso, a taxa de detecção de calor dos animais atingiu a marca dos 70%, o que, para ele facilita nas tomadas de decisão voltadas a oferecer bem-estar ao rebanho. “Com o sistema de monitoramento, a detecção de cio foi um grande avanço para nós. Nosso controle sanitário também melhorou porque a tecnologia é capaz de me ‘dizer’ quais vacas precisam de mais atenção no dia. Não preciso ficar procurando a vaca no rebanho e fica mais fácil esse tipo de trabalho”, ressalta.
Os primeiros animais receberam os colares de monitoramento em 2015. No ano seguinte, o proprietário estendeu a tecnologia a todo o rebanho, inclusive para as novilhas e animais jovens que são acompanhadas por brincos rastreados. Atualmente, todo o sistema produtivo da Chácara Sempre Verde tem o sistema, desde os animais até a sala de ordenha, onde Douwe pode acompanhar qual é o volume de leite produzido por cada animal. “O aprendizado para usar o sistema de monitoramento foi rápido e fácil. Agora o usamos diariamente para detecção de calor e monitorar a saúde das vacas, por meio da ruminação, bem como dados reprodutivos. Além de verificar os relatórios, recebo alertas no celular e e-mail, que garantem uma resposta rápida caso alguma vaca esteja com índice baixo de saúde. Isso nos permite tomar decisões precisas e nos anteciparmos à ação da doença”, explica.
Com o sistema, Groenwold também conseguiu detectar, por meio da ruminação, que a dieta do rebanho não estava adequada e reajustá-la antes que tivesse um impacto na produtividade e na saúde do rebanho em razão do alimento fornecido. O produtor também utiliza o sistema de monitoramento para saber como está a recuperação das vacas no pós-parto. “É possível saber se a ruminação está adequada ao período e se ela está se recuperando bem. Como o sistema é informatizado, o conhecimento é agora baseado em dados”, reforça.
“Isso significa que a Chácara Sempre Verde não é mais dependente de um único colaborador da equipe e os negócios podem continuar com ou sem a presença exclusiva do funcionário. Adotar o sistema garante menos desperdício e reduzem nossas necessidades de mão de obra. E o mais importante: ele nos deu mais controle sobre as vacas, individualmente, e o rebanho como um todo, o que está nos ajudando a alcançar nossos objetivos de expansão e crescimento”, enfatiza Douwe Groenwold.
Para o futuro, o produtor de leite acredita que a atividade ainda tem muito a crescer no Brasil. “Nosso país é autossuficiente, mas podemos ampliar a produção e exportar, pois ainda tem muito mercado para o leite brasileiro. A tecnologia vem para nos ajudar e enquanto continuamos a expandir o rebanho, as novas tecnologias tornam-se cada vez mais vitais para alcançar nossos objetivos”, finaliza.