A Embrapa Gado de Corte, Unidade da Embrapa localizada na capital sul-mato-grossense, se prepara para ajudar o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MS) nos diagnósticos de Covid-19, a partir desta semana. Com o Laboratório Multiusuário de Biossegurança para a Pecuária (Biopec) habilitado e operacionalização estruturada, a Empresa dá mais um passo no apoio ao combate à pandemia no Estado de Mato Grosso do Sul, em parceria com a Fiocruz-MS e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
O Biopec atende critérios de biossegurança, confirmados em visita técnica realizada por profissional da equipe do Lacen-MS. O laboratório, inaugurado em 2017, possui áreas de biossegurança nível 1, 2 e 3 (NB1, NB2 e NB3). Nelas são realizadas atividades que envolvem patógenos de alto risco biológico para a cadeia da pecuária, causadores de doenças como salmonelose, brucelose, tuberculose e doenças êntero-hemorrágicas.
“Para auxiliar nesses testes serão utilizadas as áreas NB2 e NB3 do Biopec, que entre os principais equipamentos necessários possui cabines de segurança biológica Classe II A2 (B3), aparelhos de RT-PCR, autoclave, ultrafreezers, microcentrífugas e outros instrumentos comuns a laboratórios de análises biomoleculares”, detalha a chefe-adjunta de pesquisa e desenvolvimento da Unidade, Lucimara Chiari.
O diretor-geral do Lacen-MS, Luiz Henrique Ferraz Demarchi, explica que a princípio para diagnóstico de Covid-19, a Unidade da Embrapa “iniciará a pesquisa do vírus em amostras de pacientes que foram coletadas na macrorregião de saúde de Corumbá pelo sistema de drive-thru garantindo entrega dos resultados em tempo oportuno à população dessa região de Mato Grosso do Sul. Desde a visita à área técnica da Embrapa verificamos que a mesma possui estrutura para diagnóstico molecular de alta complexidade, expertise e que pode atender com eficiência e reprodutibilidade os exames a ela encaminhados.”
Chiari comenta também que “a equipe que atuará nesta demanda é formada por oito profissionais, sendo cinco da Embrapa Gado de Corte, três pesquisadores e dois técnicos de laboratório; dois pesquisadores da Fiocruz-MS e um da UEMS. Os pesquisadores têm expertises nas áreas de virologia, imunologia, genética e biologia molecular. Se necessário, outros profissionais serão treinados e envolvidos”.
Considerado um dos mais modernos laboratórios da América Latina, desde o final de março, o laboratório e a equipe da Embrapa, Fiocruz-MS e UEMS já realizam testes de diagnósticos de arboviroses (dengue, zika e chikunguya), a fim de aliviar o sistema, deixando as análises para o novo coronavírus (SARS-CoV-2) concentradas no Lacen-MS. Após um mês de trabalho, os especialistas entregaram 1,8 mil exames concluídos. Ressalta-se que no Boletim Epidemiológico de 06 de maio, divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MS), há mais de 54 mil casos de dengue notificados em MS.
Dentro da rotina
O fluxo de trabalho para realização dos testes incluirá a recepção de amostras, processamento e extração do RNA viral; testagem desse RNA pela técnica de RT-PCR, que confirma a presença ou a ausência do novo coronavírus; e encaminhamento dos resultados à Secretaria de Saúde de MS, por meio do sistema GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial); além de etapas de lavagem e esterilização de materiais e equipamentos.
O Centro de Pesquisa já recebeu kits diagnósticos suficientes para a realização de cerca de 3 mil testes, frutos de uma articulação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Fiocruz Biomanguinhos que produz os kits de diagnóstico.
Segundo os especialistas envolvidos, é possível realizar cerca de 100 testes por dia, ao se fazer extração manual, “o que pode ser ampliado caso seja necessário”. Por fim, ressalta-se que a Unidade da Embrapa não atenderá diretamente a população.
Foto: Flabio Araujo