Uma das estratégias que os produtores de leite podem adotar para enfrentarem a entressafra do leite – período que compreende de março até setembro/outubro – é produzir a dieta do rebanho na propriedade. Além de conseguir uma redução dos custos de produção, esta iniciativa permite ao produtor ofertar aos animais uma nutrição precisa, conforme as necessidades exigidas pelo rebanho sem que haja perda de qualidade e quantidade na produção leiteira.
De acordo com o zootecnista e supervisor da Minerthal, Sérgio Ferreira, esta pode ser uma saída para enfrentar os desafios como a alta no preço dos insumos para alimentação animal e a escassez de volumoso.
“O período de entressafra requer planejamento, por isso é preciso tentar reduzir o custo de produção sem perder o desempenho dos animais. Para a produção própria de ração é necessário o uso de fontes proteicas e energéticas, como milho, sorgo, farelo de soja ou farelo de algodão aliando a núcleos que forneçam minerais, vitaminas e aditivos que supram as necessidades para a produção de leite”, explica.
De forma prática, a orientação na produção de ração é de processar muito bem os grãos (milho ou sorgo), moendo o mais fino possível (utilizar peneira de 2 mm), pois dessa forma ajuda a melhorar a digestibilidade e aumenta o aproveitamento do alimento.
Outra orientação é fazer a compra antecipada de insumos, para obter melhores condições de negociação e prevenir-se quanto a oferta de volumoso para as vacas durante todo o ano, para que não haja “sufoco”, pois o alimento oferecido é o ponto principal para a melhora na produção. Outra medida ainda é plantar os grãos na própria fazenda, caso haja área disponível.
“Com o atual cenário de preço dos grãos bastante elevado é vantajoso, além de produzir a ração e o volumoso na propriedade, produzir também os próprios grãos inclusos na dieta. Fazendo a colheita da silagem e grãos, como milho ou sorgo, na própria fazenda conseguimos mais eficiência econômica no sistema de produção e com possibilidade de melhores qualidades destes alimentos”, aponta.
Separar os lotes com mais rigor otimiza a atividade
Para a entressafra, outra medida a ser adotada é fazer um maior número de lotes, separando os animais com mais critério e checar mensalmente os animais mais produtivos, separando-os sempre dos demais.
“Separando lotes prioriza-se os investimentos no período de transição: pré e pós-parto, até o pico de produção. Lembrando também que o produtor deve realizar o descarte de vacas que puxam os índices zootécnico/econômicos da propriedade para baixo, ou seja, animais que não conseguem trazer faturamento suficiente para cobrir o custo de mantê-las em produção”, ressalta.
O cenário em 2020 tomou um rumo cheio de incertezas a partir de março. Com isso, a atenção a produção deve ser redobrada para garantir rentabilidade no negócio. Em geral, anualmente o período da entressafra representa queda na produção no campo, ou seja, menor quantidade de leite sendo entregue ao mercado e por consequência há aumento no valor pago para o produtor. Com a economia do país um pouco desestabilizada, ter bastante controle de custos e saber investir na produção é a melhor saída neste momento.
“Essa é a hora do produtor investir e buscar o máximo potencial dos animais para transformar o possível período de desafio em oportunidade melhorando o resultado financeiro da propriedade. Saber aproveitar este momento é o grande divisor de águas na atividade e permite que as fazendas mais eficientes ganhem mais dinheiro”, finaliza.