Por Nathália Secco* – O mundo é digital. Basta olharmos à volta e nos questionarmos como eram as coisas há 15 anos e as mudanças desde então. As idas às bancas para, de fato, comprar jornal eram diárias e hoje foram substituídas por uma rápida busca em sites de notícias, conversas com amigos e parentes antes feitas exclusivamente por telefone agora contam com o auxílio de aplicativos de smartphones, enfim, a lista é longa e as diferenças em relação aos dias atuais também.
Imagino que você deva estar se questionando: mas, o que isso tem a ver com agricultura? E a resposta é bem mais simples do que parece! O setor, um dos mais tradicionais, sem dúvidas, é um dos que mais tem se reinventado ao longo dos anos, com o surgimento de novas tecnologias para auxiliar os produtores. De acordo com dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), cerca de 70% do território nacional já conta com startups voltadas para o mercado agrícola – as Agtechs.
Outro dado relevante é que mais de 40% dessas iniciativas são responsáveis pela implementação do sistema IoT (Internet das Coisas), com o desenvolvimento de drones, sensores e softwares para as lavouras. Apesar dos números animadores, um levantamento da Abstartups mostra que a inovação ainda está em fase embrionária no centro-oeste brasileiro, onde que 79% das startups locais ainda não receberam incentivos externos para alavancar seus negócios.
Mesmo diante desse cenário, representando apenas 0,4% das startups do Estado de Goiás e um acesso limitado à agricultura digital, Rio Verde já possui o segundo maior PIB agropecuário do País. Sendo assim, a implementação de agtechs no município pode um importante passo para impulsionar ainda mais este mercado, podendo auxiliar produtores locais a usarem a tecnologia para uma colheita mais assertiva e sustentável.
Um bom exemplo disso é o uso do Big Data e da Inteligência Artificial para a coleta de dados e análise de informações sem a interação humana, dentre elas a identificação de possíveis pragas nas lavouras, e previsões meteorológicas. Além disso, algumas tecnologias neste sentido também podem ajudar no melhor aproveitamento dos insumos e mais eficiência da gestão hídrica, reduzindo muito os custos com compra de insumos e tornando a irrigação no agronegócio mais eficiente e sustentável, por exemplo.
A boa notícia é que em 2019 Rio Verde ganhou o seu primeiro centro de inovação voltado exclusivamente para o agronegócio. A iniciativa chegou para auxiliar empreendedores com investimentos e capacitação e os conectando de forma efetiva com seu público-alvo: os produtores. E as perspectivas são as melhores para os próximos anos.
Unindo a tradição e os benefícios de uma região que movimentou mais de US$ 21 bilhões neste primeiro trimestre ao uso de tecnologias mais sustentáveis e assertivas, vejo que Rio Verde tem de tudo para se tornar o mais novo ecossistema de agtechs do Brasil, que vem para revolucionar o mercado e trazer a agricultura do futuro para o presente!
(*) Nathália Secco é fundadora e CEO da Orchestra Innovation Center, novo polo de inovação de Rio Verde, em Goiás