Revista Rural 262 / abril 2020 – Com diversas variedades, entre as mais conhecidas de utilização culinária, o cogumelo também serve para fins medicinais. Maria Camargo descobriu isso ao se desligar da empresa em que trabalhava na área de biologia molecular, após ser diagnosticada com um câncer no útero. “Conheci o ganoderma lucidum em 2005 e mergulhei na literatura e cursos sobre ele. Com isso, veio a vontade de produzi-lo e assim, no ano seguinte nasceu a Juncao Brazil”, conta.
Para colocar em prática a vida de produtora, ela viajou para a China, onde ficou dois meses. Durante esse período viveu de aprender as técnicas de cultivo, o que a deu segurança para começar o negócio. De volta ao Brasil, o local escolhido para o cultivo foi a cidade de Taboão da Serra, localizada na Grande São Paulo. “No começo, a minha ideia era vender o cogumelo, mas desisti devido à falta de valor agregado. Com o que aprendi nos estudos e pesquisas, desenvolvi um protocolo para produzir o ciclo completo da variedade e comercializar derivados de seu extrato”, diz.
Conhecendo o passo a passo
Maria diz que apesar de a produção necessitar de bastante atenção, os processos não são complexos e totalmente adaptáveis para quem está começando. “O primeiro passo é isolar a linhagem que será usada. No meu caso, os cogumelos já são isolados, para ajudar a parte vegetativa do fungo (micélio) a crescer de forma limpa, sem contaminação”. Para isso, a produtora utiliza Placas de Petri, onde faz o meio de cultura. “É coisa simples e que pode ser feita de forma caseira, com frascos de geleia, por exemplo”, comenta. Já para o meio de cultura é possível utilizar a mistura de Batata, Dextrose e Ágar-ágar (BDA).
Após isso, a produtora pega pedaços pequenos deste meio com o micélio e passa para outro substrato, que pode ser sorgo, trigo, entre outros, onde será feita a matriz. “A partir daí trabalho a semente, para levá-la para inoculação e semear o substrato final do cultivo”, declara. Está semeadura é realizada em saquinhos de polipropileno, que são esterilizados, resfriados e depois encaminhados para uma câmara de fluxo laminar, também conhecida como capela de transferência. Com essa primeira parte concluída, é hora de colocar os saquinhos numa estufa, na fase chamada de primórdio. Para isso, Maria criou uma estante vertical feita de arame, no estilo alambrado e que comporta exatamente o tamanho dos blocos. Nessa fase, é necessário que a estufa tenha ausência de luz, além de temperatura controlada. “Com isso, os micélios vão tomar o substrato, e começam a surgir os brotos do cogumelo, que são levados para uma segunda estufa”, diz.
Nesta outra sala, a umidade relativa do ar deve estar entre 85 e 95%, para frutificar o broto e surgir, assim, o cogumelo de fato. “Aqui a luz não pode ser nem muito forte, e nem muito fraca e a temperatura tem que ficar entre 25 e 28ºC”. Necessitando de total atenção por parte do produtor, o acompanhamento de maturação é fundamental, para logo depois poder colher os esporos, prontos e saudáveis. Na Juncao, a colheita é feita com saquinhos de papel, de maneira simples e barata. “Feito isso, levo o cogumelo para o processo de secagem e desidratação, através do calor e ventilação natural. Isso serve para que nenhum fungo se instale nele”, conta Maria.
Já perto do fim, é preciso acondicionar a matéria seca e desidratada de maneira bem vedada para não embolorar. Aqui, pode-se utilizar vidros, tambores ou até mesmo latas. “O que o produtor tiver a disposição e couber em seu bolso”. Na produção do ganoderma, o passo final é rasurar ou triturar o cogumelo e aí então, tem-se a matéria para destinação medicinal de diversos tipos.
“Todos estes processos podem ser feitos de maneira simples, seja para quem está começando, ou para quem não tem muitos recursos”, declara a produtora. Segundo ela, o principal fator disso tudo é prestar atenção nos processos e se doar intensamente a eles. “Costumo dizer que não é um cultivo de ‘fim de semana’, é preciso dedicação diária”.
Da porta para fora
Maria conta que atualmente produz até a fase de secagem, enviando o cogumelo pronto para uma indústria que faz o extrato. “Após isso, um outro parceiro realiza o envase do produto final e me devolve, para que eu realize a venda”. Venda esta, que por sua vez é feita de maneira on-line, contando com uma logística também terceirizada. “No primeiro lote que entreguei à indústria, foram 12,5 kg de cogumelos desidratados. Minha meta é, a curto prazo, chegar a 50 kg”, revela. Em relação aos gastos do cultivo, a produção de cada lote, com aproximadamente 60 bloquinhos de 750 gramas cada, fica, em média, R$ 48,00. “Na safra de 2018/2019, produzi cerca de 6.300 bloquinhos, com custo básico de R$ 5.000,00”. Já a colheita foi de aproximadamente 100 quilos de cogumelo fresco, com aproveitamento de 45%.
A produtora ressalta que por não estar em uma zona rural, não tem tarifas reduzidas, como por exemplo, a de eletricidade. Além disso, segundo ela, as matérias primas utilizadas têm custo mais alto na região em que sua produção fica. “Estou utilizando autoclave para esterilização dos blocos, e ela consome bastante energia, o que aumenta meus gastos. Se eu utilizasse o tambor a gás, que é um processo mais simples e que pode ser feito por qualquer pessoa, teria uma boa economia” diz.
O ganoderma é sazonal e os bloquinhos são produzidos de agosto a fevereiro, com a colheita acontecendo entre dezembro e maio. “Por esse motivo, trata-se de uma produção relativamente de pequena escala. Ou seja, os custos podem ser controlados pelo produtor, uma vez que é um cultivo adaptável”
Bom dia. Contato para aquisição dos micélio deste cogumelo e se ela compra a produção
Boa noite como consegui o contato com a Maria dos cogumelos medicinais
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