O uso da forrageira em rotação de cultivo entra como uma estratégia de manejo de solo a partir do surgimento da metodologia do plantio direto, com benefícios financeiros e a verticalização da produção da safra principal. Dentro da propriedade, a forrageira tem uma importância muito grande na melhoria do solo principalmente para o cultivo da soja, mas também para as safras subsequentes.
Segundo Mayco Aguirre dos Santos, engenheiro agrônomo da área de Desenvolvimento Tecnológico da Barenbrug, o sistema radicular das forrageiras traz como benefício direto a descompactação biológica, o que cria canais e fornece aeração nas camadas superficiais e subsuperficiais do solo. Isso permite que os nutrientes que estão em perfis mais profundos do solo sejam “ciclados” para as camadas mais superficiais, onde as raízes da cultura principal poderão absorver esses nutrientes. A presença do material orgânico de palhada nas camadas superficiais e raízes nos perfis mais profundos podem incrementar ao longo dos anos os teores de matéria orgânica no solo, devido à relação C/N ser baixa no sistema.
Outro benefício para cultura posterior é a proteção da superfície do solo, evitando a erosão superficial. A palhada da forrageira também irá acondicionar melhor as sementes em caso de estresse hídrico, criando um microclima favorável e diminuindo as altas temperaturas que normalmente ocorrem em solos expostos, tudo isso pensando no bom desenvolvimento no momento da germinação e emergência.
Outro fator positivo e de importância nesse sistema, é a diminuição na incidência de plantas daninhas quando há formação de palhada. Ocorre uma barreira física que impede algumas plantas de se desenvolver, pois há uma baixa luminosidade nas entrelinhas da cultura, local que principalmente ocorre o surgimento de plantas oriundas do banco de sementes da área. “A presença de algumas doenças fitopatogênicas mostra-se ser menor no cultivo da cultura principal, exatamente no momento do desenvolvimento. Na presença de palhada acontece o amortecimento das gotas de chuvas no solo e o baixo escorrimento de água decorrente de enxurradas, diminuindo assim a disseminação de patógenos; dessa forma, poderá haver uma redução no índice de doenças fúngicas nos primeiros trifólios nas plantas de soja”, explica Mayco.
Outro ponto primordial da palhada das forrageiras está na relação de condição de sobrevivência dos microrganismos no solo. Ela proporciona um ambiente favorável com menos calor na superfície do solo e com a presença de material orgânico de raízes sendo decompostos no solo, favorecendo o aumento da microbiota para que os microrganismos essenciais e benéficos ao cultivo posterior possam realizar suas funções.
“No sistema ILP – Integração Lavoura Pecuária trabalha-se com a terceira cultura, a forrageira. As áreas podem ser pastejadas por animais de recria (bezerros de oito a nove arrobas) ou engorda (garrotes de 12 a 14 arrobas) que, em um período de 90 a 120 dias, irão se alimentar da oferta de forragem. Alguns desses animais serão levados ao confinamento e outros, já em fase de terminação, serão abatidos. Neste sistema obtém a fonte de lucro da terceira safra”, esclarece.