Por Jane Gonçalves* – O setor de produção de ovos para consumo tem uma perda considerável do produto ao longo de todo o processo, desde a coleta dos ovos nos galpões até a entrega nos estabelecimentos de vendas, esse problema está relacionado a quebras e trincas da casca. Quanto mais velha a ave pior é a absorção e aproveitamento de nutrientes pelo trato gastrointestinal, além disto, o peso do ovo aumenta, porém, a deposição de cálcio não, ou seja, há produção de ovos maiores com cascas mais finas, e assim a qualidade do mesmo tanto interna quanto externa é menor.
A nutrição adequada ao longo do desenvolvimento e ciclo de postura é essencial para que se atenda todas as exigências de acordo com a fase de vida da ave, sendo que, a suplementação de microminerais tem ganhado especial atenção entre pesquisadores e produtores. Os microminerais são elementos essenciais em vários processos bioquímicos fundamentais ao crescimento, desenvolvimento, formação óssea e produção e, portanto, relacionam-se de forma direta ou indireta com a formação e qualidade de ovos.
O manganês e o zinco são cofatores de metaloenzimas envolvidas na síntese de mucopolissacarídeos e carbonato que compõem a matriz orgânica da casca, sendo fundamentais para a formação da mesma. O cobre está envolvido no metabolismo do ferro e oxigênio, síntese de colágeno e elastina, é integrante de proteínas do sangue, importante na formação de ossos, desenvolvimento e coloração de penas. Apesar de seu papel na formação da casca ainda não estar completamente definido, a deficiência de cobre resulta em alterações no tamanho, forma e textura da casca e alta incidência de ovos de casca fina. O ferro é constituinte de hemoglobina e mioglobina envolvidas na oxidação, redução e transporte de elétrons, indispensável aos processos vitais do organismo.
Para melhorar sua disponibilidade biológica, os microminerais têm sido associados a compostos orgânicos como aminoácidos (metionina, glicina) que dão maior estabilidade e solubilidade à molécula facilitando, assim, sua absorção pelo organismo e proporcionando melhorias na vida útil da ave.
Pesquisa realizada em 2008 relatou que os microminerais orgânicos podem alcançar taxas de absorção acima de 90% enquanto microminerais inorgânicos possuem taxa de absorção em média de 10 a 18 % nos animais.
Em outro trabalho, realizado em 2016, observou-se aumento no percentual de matéria mineral em albúmen, gema e casca, indicando que a inclusão de microminerais de fonte orgânica as dietas das poedeiras favoreceu a deposição mineral nesses componentes dos ovos, mesmo quando o nível de inclusão foi de 70% de micromineral orgânico e nada de micromineral inorgânico, o que aponta para maior biodisponibilidade dos microminerais de fonte orgânica em relação à fonte inorgânica. Isso possivelmente ocorreu porque os microminerais orgânicos se utilizam de vias de absorção das moléculas orgânicas às quais estão ligados, favorecendo sua absorção por evitar a competição dos microminerais pelo mesmo transportador, tornando-os mais prontamente transportáveis e absorvíveis para utilização pelo organismo mesmo em níveis de suplementação inferiores aos comumente praticados em granjas comerciais.
Várias pesquisas já demonstraram melhora da qualidade da casca com dietas suplementadas com manganês e zinco quelatados, comparadas com dietas suplementadas com a forma inorgânica.
(*) Jane Gonçalves é gerente técnica da VLN Feed