O ano de 2020 terá a celebração de mais um capítulo importante da história do Brasil como maior produtor de genética bovina das raças zebuínas. A marca F, uma das pioneiras na importação do zebu da Índia, está comemorando 100 anos de fundação. No dia 8 de abril de 1920, o pecuarista mineiro Francisco José de Carvalho conseguia a oficialização de sua marca no Ministério da Agricultura.
“Na época, o Brasil tinha poucas fazendas com registro no órgão federal. A marca F foi a 47ª marca registrada, dando um passo importante na criação de animais zebuínos puros, que já vinha sendo conduzida por meu avô, na cidade mineira de Prata”, lembra Tonico Carvalho, que, assim como muitos membros da família Carvalho, deu continuidade aos trabalhos de seleção do pai Rubico Carvalho e do avô Francisco e hoje comanda a Fazenda Brumado, em Barretos/SP.
O registro da marca F ocorreu dois anos depois de Francisco Carvalho receber em sua fazenda os primeiros reprodutores puros das raças Nelore e Gir importados da Índia. Na ocasião, a importação foi incentivada e conduzida pelo governador de Minas Gerais, João Pinheiro. “Chiquinho, como ele era chamado por todos, melhorou e comercializou essa genética para outras regiões do Brasil, tornando-se um grande produtor de touros zebuínos”, conta Tonico.
Anos depois, em 1962, a família Carvalho realizou mais um feito que impactou a pecuária nacional, especialmente o melhoramento genético da raça Nelore, participando diretamente da última importação de animais vivos da Índia permitida pelo governo brasileiro. Hoje, a maior parte dos animais Nelore do país descende dos exemplares importados em 1962/63 por Rubico Carvalho, Nenê Costa, Torres Homem Rodrigues da Cunha e Celso Garcia Cid. A família ainda é pioneira da importação do Brahman. Rubico foi o primeiro pecuarista brasileiro a importar dos Estados Unidos exemplares da raça, em 1.994.
Para o criador Tonico Carvalho, a celebração dos 100 anos da marca F é também um momento de refletir sobre a importante contribuição da pecuária para a economia brasileira. “O trabalho realizado por tantos pioneiros, como meu avô, meu pai e vários outros nomes da história do zebu, precisa ser sempre relembrado para que as novas gerações do país conheçam e valorizem a pecuária nacional como uma importante fonte de alimentos de qualidade e de empregos para milhares de brasileiros. O Brasil é o maior polo de genética zebuína do mundo, além de ser o principal exportador de carne bovina do mercado mundial”, assegura Tonico Carvalho.
Vale lembrar que um século atrás, quando a marca F foi registrada, as raças zebuínas não eram maioria no rebanho nacional, mas, hoje, o zebu (e seus cruzamentos) responde por mais de 80% de todo o gado brasileiro.