O impacto da pandemia do coronavírus no campo é crescente e preocupante. Por isso, as equipes do Sistema FAEMG têm acompanhado o que está ocorrendo nas cadeias produtivas e buscado soluções para ajudar os produtores rurais. Entre os problemas mais graves, está a dificuldade de comercialização por causa do fechamento de bares, restaurantes, empórios e outros estabelecimentos. Essa é a situação tanto o produtor de queijo Ivair José de Oliveira, de São Roque de Minas (Serra da Canastra) como a do piscicultor Rodrigo Borges Botrel, de São José da Barra (Furnas).
Com o fechamento do comércio, as vendas de Ivair caíram mais de 80%. A logística para distribuição ficou complicada. E ainda não tem recebido pagamentos por queijos já entregues. Com isso, foi forçado a reduzir a produção, diminuir o salário dos colaboradores e não sabe o que vai fazer para pagar os empréstimos que estão para vencer.
O produtor lamenta as dificuldades enfrentadas pelos produtores: “Estamos isolados na roça nesta situação difícil. Estou vendendo um pouco de leite, mas não é suficiente. A queijaria está cheia e estamos sem saber o que fazer. Está triste.”
Já Rodrigo Borges Botrel, da Fazenda Grotão – Piscicultura Barra Velha, observa que, além de ter perdido clientes, está com dificuldades para receber a ração para peixes e teme pela redução drástica dos preços causada pela da alta na oferta (tinha produtor segurando filé de tilápia para vender na Semana Santa e já começou a liberar por não ter para quem vender). Diante disto, ele se preocupa em como vai manter a criação nos tanques-rede para ter peixe para vender no fim do ano.
Botrel diz que, “com o coronavírus, fechou tudo e o turismo acabou. A ração não está chegando e ficaremos sem peixe com peso adequado, o que é ruim. Está na época de chegar a produção do Paraná, que vai aumentar a oferta e derrubar os preços. Também precisamos de linhas de financiamentos, do BNDES, por exemplo, para atender à piscicultura. Sem isso, muitos produtores, principalmente os pequenos e médios, vão quebrar.”
Para Aline Veloso, coordenadora da Assessoria Técnica do Sistema FAEMG, “ainda é cedo para estimarmos todas as perdas econômicas do agronegócio no estado em decorrência da pandemia do coronavírus. Mas seguiremos fazendo levantamentos dos problemas junto às cadeias produtivas para buscarmos as melhores alternativas e soluções para os produtores rurais mineiros.”