Negócios

Confira os impactos do coronavírus no agronegócio do Brasil

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vem monitorando os impactos do coronavírus no agro e traz informações sobre as culturas mais impactadas e o comércio internacional.

Todas as informações são levantadas por um grupo de monitoramento da crise do Covid-19 criado pela CNA para avaliar os dados e propor medidas para garantir alimentos seguros à população, além de assegurar a logística da distribuição de produtos e insumos e minimizar prejuízos econômicos ao setor.

Os produtores rurais com problemas na sua atividade podem entrar em contato com o Sistema CNA pelo whatsapp (61) 93300 7278. As dúvidas serão respondidas pelos técnicos. Confira as análises:

Commodities agrícolas

Commodities agrícolas como soja, milho e café registraram valorizações na semana, influenciadas pela demanda aquecida, estoques baixos e manutenção do câmbio alto. No setor sucroenergético, os preços do etanol se mantiveram estáveis, mas com tendência de baixa diante das perspectivas de queda no consumo e início da safra.

Até o momento, os problemas enfrentados por esses setores têm sido principalmente o fechamento de lojas e revendas que fazem reposição de peças e equipamentos para maquinários agrícolas e o escoamento. Iniciativas regionais de impedimento do fluxo de caminhões ocorreram, mas já foram solucionadas.

Frutas e hortaliças

Exportadores de frutas relatam uma suspensão drástica das exportações por via aérea. As exportações eram feitas basicamente em porões de voos de passageiro, os quais estão praticamente indisponíveis no momento. Anteriormente à crise do Covid-19, as frutas partiam de diversas regiões do País para destinos como União Europeia, EUA, Emirados Árabes e outros.

No Brasil, o fechamento de restaurantes, bares e feiras livres reduziu significativamente a demanda por hortaliças, resultando no descarte de produtos que tiveram baixo desempenho nas vendas nas Centrais de Abastecimento. Nos principais centros consumidores, o preço do tomate caiu em média 37% em relação à semana passada, que já foi de baixa.

Flores e plantas ornamentais

O setor, que gera mais de 1,01 milhão de empregos diretos e indiretos, foi fortemente prejudicado nas duas últimas semanas devido à redução drástica das compras desses produtos. Estima-se que o setor já perdeu R$297,7 milhões em faturamento (Ibraflor), podendo agravar caso a quarentena se mantenha nos próximos meses.

Lácteos

Pequenas indústrias lácteas localizadas principalmente no Nordeste do Brasil anunciaram redução na coleta de leite, preocupando os produtores que ficaram sem compradores. Diferentemente, as grandes indústrias e cooperativas adotaram a estratégia de remanejar sua produção para UHT e leite em pó. Algumas indústrias do Rio Grande do Sul e Goiás que comercializam produtos lácteos para outros estados apontaram dificuldades com o frete retorno.

Boi gordo

Os preços começaram com queda na semana, mas o produtor preferiu segurar o boi no pasto à venda. Com isso, os frigoríficos voltaram a negociar no patamar de R$ 200 por arroba em São Paulo. No final da semana, a quantidade de animais negociados foi a maior dos últimos 10 dias, o que deve alongar as escalas de abates dos frigoríficos e pressionar cotações futuras novamente.

Suínos

Houve pressão para o fechamento de plantas de abate em alguns municípios, mas não prosperou. O abastecimento dos estoques dos supermercados gerou leve queda dos preços no varejo da carcaça suína durante a semana (- 2,7%), mesmo se mantendo em patamares superiores à pré-crise do Covid-19. O alto preço do milho e do farelo de soja tem preocupado produtores do setor de suínos e aves.

Aquicultura

A queda no consumo do food service paralisou as vendas de moluscos em Santa Catarina. No Mato Grosso, houve queda de cerca de 50% nas vendas de tambaqui e cancelamento de cargas que estavam programadas para a Semana Santa. O CEAGESP anunciou que a compra de pescado será realizado apenas nas segundas, quartas e sextas, devendo causar grande impacto na cadeia de pescado fresco, principalmente tilápia.

Ovos

Diante da forte demanda, os preços de ovos têm se valorizado diariamente. Em março, o preço pago ao produtor já acumula alta de 15,8%.

Ração animal

Uma grande preocupação dos pecuaristas de tem sido com os custos da ração. Atualmente, a ração base (30% farelo de soja e 70% farelo de milho) está 19% mais cara do que a média do mês de fevereiro. Isso se deve às constantes valorizações do milho e da soja no mercado interno, influenciadas por demanda aquecida e valorização do dólar.

Medidas adotadas no campo

A colheita de café e cana-de-açúcar se iniciam em breve e os setores já estão adotando medidas para evitar a contaminação por Covid-19, como a redução do número de trabalhadores transportados nos ônibus, ampliação dos horários de funcionamento dos refeitórios e orientações sobre higienização individual e frequente.

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