Sexta-feira, 27 de março, às 14 horas, em São José do Rio Preto, no interior paulista, será realizado o Leilão Solidário Covid-19, promovido pelo setor agropecuário, com o propósito de gerar recursos para a compra de respiradores, máscaras, luvas, aventais e outros materiais, a serem destinados às santas casas e lares de idosos de municípios da região. A iniciativa é do grupo de WhatsApp G-Agro Rio Preto.
Um de seus coordenadores, Antonio Cabrera Mano Filho, médico veterinário, empresário rural e ex-ministro da Agricultura, salienta que o evento aproveitará a experiência dos produtores na realização de leilões virtuais para ajudar as instituições de saúde na luta contra a pandemia. Além de animais e produtos agro, estarão à venda outros objetos, como uma camisa autografada de Pelé da Copa de 1970, quando o Brasil foi tricampeão mundial, igual às que o Rei deu ao ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e ao ator Will Smith. Já o cantor sertanejo Zezé Di Camargo autografará e doará um dos violões que utiliza em seus shows.
“Um de nossos objetivos é contribuir para que iniciativas como esta se multipliquem em todo o País, de modo que sejam arrecadados fundos nacionalmente para ajudar na guerra que estamos travando contra o novo coronavírus”, salienta Cabrera, que informa que ao menos outros 20 leilões, nos mesmos moldes, já estão sendo organizados. “O agronegócio está mostrando sua força e capacidade de mobilização para ajudar a quem precisa”, acrescenta.
O grupo organizador conta com a ajuda das pessoas, que podem fazer doações espontâneas em dinheiro ou em animais e produtos a serem arrematados. A operação do evento ficará a cargo da empresa Tanabi Leilões, com transmissão pelo portal Compre Gados. Haverá prestação de contas com total transparência.
A captação, gestão dos recursos e apoio está a cargo dos seguintes produtores rurais: Eloy Gonçalves Aroeira, Antonio Cabrera Mano Filho, Ben Hur Cabrera Mano, Henrique Gonçalves de Oliveira, Durvalino Neto, Renan Maiochi, Hamilton Farinazzo, Roberto Bassan e Adriano Caruso, dentro outros. O leiloeiro será Paulo Belarmino, com transmissão de Ciro Thiago Neto. As pessoas que quiserem doar serão adicionadas ao Grupo G-Agro para acompanhar todas as atualizações e operações.
Experiência a serviço da vida
Cabrera lembra que o setor da pecuária é conhecedor de longa data da tecnologia de leilão virtual. Faz isso, inclusive, em canais de televisão dedicados ao tema. Nesses eventos, as operações são online. “Por que não aproveitar esse know how e expertise neste momento de confinamento, para fazer um leilão solidário e ajudar na luta contra pandemia?”, argumenta. Surgiu daí a ideia, em uma confraria de produtores rurais via WhatsApp.
O Leilão Solidário Covid-19 é uma iniciativa em favor da vida. Rapidamente, a ideia foi crescendo, ganhou força nas mídias sociais, multiplicou-se em vários grupos de WhatsApp e extrapolou o agro, com a adesão de doares de distintos setores e pessoas de boa vontade. Também despertou a atenção de produtores rurais de outros cidade e Estados, interessados em organizar iniciativas semelhantes. “Para apurar as necessidades, o grupo organizador entrou em contato com o secretário de saúde de São José do Rio Preto, Aldenis Borin, e a direção da Santa Casa”, revelou Antonio Cabrera, informando, ainda, que várias empresas de lelião online colocaram-se à disposição, fornecendo de graça a infraestrutura necessária.
O valor das ofertas iniciais do leilão já passa dos 200 mil reais, mas a expectativa é de que cresça, pois deverá haver mais doações até a sexta-feira. “Um dos objetivos é estimular ações semelhantes em outras cidades. Quase 20 municípios já aderiram ao modelo. A ideia é que a imprensa seja uma parceira nesse sentido, dado que a iniciativa já avançou bastante nas mídias sociais”, frisa Cabrera, manifestando sua expectativa de que, além de grandes empresas que já estão fazendo doações, os pequenos agricultores e empresários também possam contribuir. “É uma forma de democratizar e potencializar a mobilização contra o coronavírus”.
Mobilização nacional
Nas mensagens de WhatsApp de convocação para o leilão, ressalta Cabrera, expressaram-se valores importantes, como “é fácil construir pontes, abrir estradas ou levantar casas; o difícil é salvar vidas”. E, “nesta luta pela vida, quem faz isso são pessoas e não o Estado”.
Por tudo isso, organizou-se o leilão em São José do Rio Preto. “Afinal, neste momento tão difícil enfrentado pela humanidade, é necessária a mobilização da sociedade, pois não se deve deixar a responsabilidade apenas com o Estado”, enfatiza Cabrera. Ele observa que a agricultura e a pecuária são praticamente as únicas atividades produtivas presentes em todos os munícipios do Brasil. “Por isso, podemos atuar rapidamente na ajuda nesta guerra. Porém, não importa qual seja a área de trabalho. Todos podem mobilizar seus contatos e desenvolver iniciativas de ajuda aos hospitais. É como dizia o primeiro-ministro do Reio Unido, Winston Churchill: Vivemos com o que recebemos, mas marcamos a vida com o que damos”.