Com o objetivo de oferecer uma alternativa de baixo custo e pouco impacto ambiental aos pequenos produtores, o Programa Centro-Americano de Gestão Integral da Ferrugem do Café (PROCAGICA) promove o uso de secadoras solares na região para esse grão, uma alterativa que aproveita recursos naturais como a radiação solar e o ar.
Em conformidade com o PROCAGICA, iniciativa implementada pela União Europeia (UE) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na América Central, a qualidade do café depende, entre outros fatores, da correta escolha de frutos maduros e saudáveis e de boas práticas em seu processamento.
A secagem é uma etapa que requer a maior atenção para diminuir a umidade no grão até chegar ao ideal requerido (10-12%) para conservar o corpo, o sabor e o aroma do café e para evitar a oxidação.
Essa prática não é generalizada entre os pequenos produtores de café, uma vez que geralmente carecem da infraestrutura necessária para a secagem mecânica ou em pátio, o que representa investimentos que não estão a seu alcance.
“Personalizamos o projeto das secadoras solares com os produtores, pois observamos a área de cultivo que possuem e, então, as projetamos. Isso teve uma boa aceitação com produtores, pesquisadores e compradores estrangeiros, ao notar que o grão é tratado com maior cuidado e limpeza”, explicou Oscar Bonilla, técnico auxiliar de extensão do Instituto Hondurenho do Café (IHCAFÉ), que trabalha em Marcala, Honduras, em coordenação com o PROCAGICA.
As estruturas de secagem são de baixo custo e de fácil uso, não requerem muito espaço e podem ser construídas com mão de obra local. O modelo padrão tem 1,20 metro de largura por 10 metros de comprimento, com capacidade para dois toldos ou padiolas e um corredor ao centro, de 70 centímetros, por onde o produtor se move.
Cada padiola ou toldo tem uma capacidade para sete quintais de café, o que representa uma capacidade total de secagem entre 14 e 15 quintais A duração da estrutura, quando é realizada uma substituição da malha dos toldos, pode ser de até 10 anos.
“Tradicionalmente a secagem costuma ser realizada em pátios de concreto, precisando de sol, mas, na temporada de colheita, há frio, de modo que a tecnologia da secadora solar teve muito boa aceitação. Além disso, é econômica, pois pode ser feita com materiais à mão do cafeicultor, como madeira, tubos de PVC e malhas”, acrescentou Bonilla.
Atualmente, esses modelos tecnológicos têm sido instalados em uma rede de 35 produtores líderes da América Central, os quais, na colheita 2019-2020, melhoraram o processamento do café, a qualidade do grão e suas receitas, por um melhor preço de venda.