Na abertura do seminário “Conectividade no Campo: Desafios, Oportunidades e Soluções”, o presidente da CNA, João Martins, afirmou que a conectividade amplia o acesso do produtor rural às inovações tecnológicas, permite avanços na produção e na produtividade, ajuda na preservação do meio ambiente, na educação e na segurança, além de estimular a sucessão familiar.
“O conjunto de tecnologias permite, especialmente, a melhoria dos processos produtivos e torna mais precisa a tomada da de decisão pelo produtor rural”, afirmou João Martins.
O evento realizado na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, na quarta (11), foi uma parceria da CNA com o Estadão e com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Além da abertura, ocorreram painéis com casos de sucesso e discussões sobre agronegócio e tecnologia.
Em seu discurso, João Martins citou a projeção da Organização das Nações Unidas (ONU) de uma população mundial de 10 bilhões de pessoas em 2050, com a grande maioria vivendo em centros urbanos e com níveis de renda superiores aos atuais. “Para alimentar toda essa população, mais rica e mais urbanizada, a ONU destaca o Brasil como o maior responsável por responder ao aumento da demanda global das importações de commodities”, ressaltou Martins.
“Os desafios globais e as rápidas mudanças na agropecuária estabelecem a necessidade de os produtores trabalharem com maior eficiência. Para tanto, a CNA acredita que é preciso buscar a convergência entre os diversos atores do agro”, destacou o presidente da CNA.
Para consolidar essa ponte entre a atividade rural e a tecnologia, Martins informou que o Sistema CNA/Senar vem capacitando produtores por meio de assistência técnica e gerencial e cursos profissionalizantes para que se adaptem às novas tecnologias.
No entanto, ressaltou, o país ainda esbarra em problemas de conectividade no campo. Segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE, 72% dos estabelecimentos rurais no Brasil, ou 3,6 milhões de propriedades, não têm acesso à internet. Deste total, 50% estão na Região Nordeste.
Desta forma, afirmou o presidente, a presença de especialistas, parlamentares e autoridades no seminário mostra a relevância do tema, para compartilhar experiências, conhecimento e encaminhar demandas “com a perspectiva de um setor rural mais conectado, produtivo e com maior segurança”, concluiu Martins.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira, defendeu a aprovação de um projeto de lei que promova a conectividade no campo, em todo o país, por meio de recursos do Fundo de Universalização do Serviço de Telecomunicações (FUST). “O Brasil precisa ser inclusivo”, afirmou.
Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, a conectividade é um dos maiores gargalos a serem superados para que o setor do agro se desenvolva ainda mais e dê mais contribuições para a economia brasileira.
“Mesmo nestas condições, o agro é o setor que mais contribui para o nosso PIB Imaginem se os agricultores brasileiros pudessem usufruir de todo o potencial tecnológico”.
Já o diretor de Projetos Especiais do Estadão, Luís Fernando Bovo, afirmou que a transformação digital e a tecnologia serão os principais aliados para que o Brasil possa alimentar o mundo nas próximas décadas com o crescimento da população mundial.
O secretário de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Vitor Menezes, falou sobre algumas ações do governo para promover a conectividade no campo que, segundo ele, é uma das prioridades nas políticas públicas da pasta.
Na sua avaliação, o Brasil é um dos países mais conectados ao mundo digital na área urbana. “Mas no campo ainda estamos devendo. Nas nossas ações, as prioridades são conectar as pessoas, o campo e as estradas”.
Para o secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Fernando Camargo, a conectividade fará o agro dar mais um salto importante em ganhos de produtividade. Ele citou um estudo encomendado pelo órgão que prevê a necessidade de 14 mil torres e 5,8 mil antenas para suprir a falta de internet nas propriedades rurais.