Por Marcos Ferreira* – No sistema de produção de bovinos, o correto manejo sanitário dos animais impede que enfermidades apareçam e se espalhem. Assim, as “Boas Práticas na Aplicação de Medicamentos Injetáveis em Bovinos” exigem grande atenção específica, pois podem reduzir drasticamente os prejuízos aos pecuaristas, bem como diminuir as lesões aos animais e garantir que o processo de aplicação seja bem sucedido.
A aplicação de medicamentos injetáveis pode ser feita por três vias: intravenosa (IV), intramuscular (IM) e subcutânea (SC).
A intravenosa é quando a aplicação é realizada diretamente na corrente sanguínea do animal, promovendo a distribuição imediata do medicamento, o que levará a um rápido efeito. Uma das facilidades deste método é que ele também possibilita a administração de grandes doses.
A segunda opção é a intramuscular, que ocorre diretamente na musculatura, ocasionando uma absorção relativamente rápida. Neste caso recomenda-se aplicar um volume que não exceda 10 ml por músculo. O ideal também é intercalar a face de aplicação (lado direito e lado esquerdo), além de se utilizar agulha 40×12 ou 40×16, dependendo do tamanho do animal.
A administração subcutânea é realizada diretamente embaixo da pele, promovendo uma lenta e contínua absorção, sendo recomendada sua aplicação na tábua do pescoço. O uso de agulhas descartáveis é aconselhável, pois isso evita a disseminação de doenças e aumenta a eficiência tanto do medicamento como do tratamento.
Quais cuidados o produtor deve ter?
As boas práticas na aplicação de medicamentos injetáveis em bovinos demanda rígida atenção antes mesmo da aplicação. Os cuidados já começam na hora da compra dos produtos, uma vez que é necessário evitar embalagem violada (lacre rompido, caixa amassada ou aberta).
Também é preciso estar atento e verificar o prazo de validade, a presença de sedimentos ou líquido turvo e adquirir apenas produtos licenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Além disso, sempre leia atentamente as recomendações prescritas em bula.
O armazenamento do medicamento merece um cuidado à parte. Ele deve ser feito de forma adequada, preferencialmente em locais arejados, limpos, secos e que permitam a fácil visualização e identificação dos produtos.
Evitar o calor e a exposição direta à luz solar também é aconselhável, assim como manter a temperatura entre 15° e 30°C, em salas que devem estar protegidas da entrada de insetos, roedores e aves.
Antes da aplicação é necessário realizar a higienização pessoal, lavando as mãos com água e sabão, bem como utilizar luvas de procedimento. Também é preciso fazer a desinfecção do local por meio da utilização de álcool iodado.
Atenção ao controle pós-aplicação
É importante manter um registro em cadernetas ou informatizado dos produtos veterinários utilizados, com informações sobre o nome da solução, a quantidade utilizada (dose), as datas de administração e a relação com a identificação dos animais tratados e números de lote.
Além disso, é preciso respeitar o prazo de carência para cada medicamento utilizado conforme a recomendação da bula e, caso necessário, suspender o uso do produto nas situações em que os animais apresentem sensibilidade ao tratamento e/ou efeitos colaterais.
Para garantir que todo o ciclo seja realizado de forma certa, é importante que o descarte das embalagens vazias seja feito corretamente em locais apropriados, ou realizar o devido encaminhamento aos órgãos responsáveis pela incineração dos invólucros.
Tomando essas pequenas medidas no dia a dia do manejo é possível tornar a atividade pecuária cada vez mais sustentável, evitando perdas financeiras e garantindo o bem-estar do rebanho.
(*) Marcos Ferreira é médico-veterinário e gerente de Produtos da UCBVET Saúde Animal