A American Angus Association (AAA) divulgou o seu primeiro relatório de pesquisa sobre a seleção para pelechamento – a adaptação da pelagem da raça Angus às estações climáticas, em que os animais perdem, no verão, os pelos adquiridos no decorrer das épocas mais frias.
No início do verão, o pelechamento (queda de pelo grosso de inverno) é um indicador de tolerância ao calor e à intoxicação de Festuca (comum nos EUA). O pelechamento é avaliado num escore visual de 1 a 5, em que 5 é totalmente coberto de pelo de inverno (pelo grosso, comprido) e 1 é completamente pelechado (pelo liso, curto).
Embora exista uma certa variabilidade de pelechamento entre indivíduos, o gado tende a pelechar da parte da frente para trás e de cima para baixo. Assim, o escore visual 4 diz respeito a um animal 25% pelechado, que já perdeu seu pelo de inverno ao redor da cabeça e pescoço. O escore 3 (50% pelechado) revela um touro que perdeu, também, o pelo grosso do lombo e peito. Um animal com a nota 2 (75% pelechado) normalmente tem pelo grosso somente no vazio, ao redor da barriga e, por fim, a nota 1 indica um touro 100% pelechado.
O documento destaca que o pelechamento tem uma herdabilidade de .42, ou seja, trata-se de uma característica com capacidade moderada de transmissão para gerações subsequentes – semelhante à herdabilidade do peso ao desmame e marmoreio da carne.
“Os animais que pelecham mais rápido são os mais adaptados ao clima quente e, por isso, são os mais produtivos. Os animais precisam perder o excesso de pelo com a maior rapidez possível quando chega a primavera/verão. A partir daí, percebemos a importância dessa característica para a raça Angus. Vale ressaltar que, no cruzamento industrial, animais mais ‘peludos’ também não são bem aceitos, pois não se adaptam ao calor e, consequentemente, ganham menos peso, menor produtividade. É uma característica importante, então, tanto para rebanhos puros quanto para o cruzamento industrial”, explica o gerente Produto e Projetos Corte Europeu da ABS, Marcelo Selistre.
O relatório, realizado com base em dados reais de produtores dos Estados Unidos, por meio de projetos da Universidade Estadual do Mississippi, Universidade Estadual da Carolina do Norte e Universidade do Missouri, revela as fases ainda iniciais de uma pesquisa que ainda será continuada, e é importante lembrar que o pelechamento não tem valor universal ou aplicabilidade em todos os ambientes. No entanto, trata-se de uma característica que complementa a adaptabilidade materna.
“Por ser uma característica nova, são necessários touros de alta acurácia para que se qualifiquem para a lista de pesquisa de DEP. A maioria dos animais incluídos é composta por touros mais antigos, que não estão mais disponíveis no mercado. A média da raça para essa DEP é de +.53; assim, touros com DEPs menores que esse valor são considerados melhoradores para este quesito”, descreve Selistre.
Entre os touros Angus com genética ABS que se destacam para a transmissão do pelechamento, estão Special Focus, Pioneer Wave, Homestead, Consensus 7229, Final Product, Southside, Emblazon 999, Image Maker, Tour of Duty e Up River.
Sob a perspectiva de linhagem, o relatório ainda evidencia o potencial para touros bem conhecidos da ABS, como afirma o gerente de Produto Corte da ABS Global, Doug Frank.
“Tivemos um feedback muito positivo sobre o Hickok, filho do Consensus 7229, bem como o Magnitude, filho do Southside e neto do Extra K205, ambos com classificações muito boas, e, por fim, o Inertia, neto de GAR Progress e GAR Prophet, que também apresentam boas DEPs para pelechamento”, conclui Doug.