Por Carlos Alberto Kuada* – Enquanto você lê isso, um quarto da população mundial sofre com a desnutrição. É realmente difícil de acreditar que mais de 820 milhões de pessoas no mundo não tenham comida suficiente . Anualmente, a fome é responsável por mais mortes do que a aids, a malária e a tuberculose juntas .
Os produtores vêm trabalhando arduamente nas últimas décadas para atender ao aumento global da demanda por alimentos, em grande parte através da adição de mais animais – mais bois, mais porcos e mais galinhas. Mas cada um desses animais exige mais terra, água, alimento e energia. Hoje, sabemos que é simplesmente insustentável seguir aumentando o número de animais para alimentar a população crescente.
A resposta do setor produtivo a este desafio não deve mais se limitar ao aumento no número de animais, mas sim ao trabalho para que os animais já existentes tenham vidas mais saudáveis. Manter os animais saudáveis não é apenas um imperativo ético – também melhora a produtividade, proporcionando às pessoas mais comida a um preço mais acessível.
Nos últimos 60 anos, uma ampla gama de inovações permitiu que os agricultores aumentassem a produção e, ao mesmo tempo, mantivessem práticas sustentáveis. E há diversas histórias fantásticas de sucesso que podem servir de aprendizado.
Desde 1972, a disponibilidade de frango triplicou, de 1,17kg por pessoa para 3,9kg . Hoje, graças às inovações agropecuárias, particularmente nos setores de nutrição, saúde animal e boas práticas de produção, os criadores estão produzindo aves que não são apenas mais saudáveis, mas também mais produtivas .
Para resumir, se continuássemos aumentando somente o número de animais, precisaríamos de 131 bilhões de frangos para atender à demanda da população em 2050. Mas com novos avanços, poderíamos alimentar toda essa gente com apenas 99 bilhões de aves – 24% a menos e, o que significaria 20% a menos de ração, terra e água . Os números falam por si.
A sustentabilidade cria e mantém as condições harmônicas sob as quais humanos, animais e natureza podem coexistir. Em um mundo sustentável, os requisitos sociais, ambientais e econômicos da população atual são atendidos com o objetivo de proteger as futuras gerações.
(*) Carlos Alberto Kuada é presidente da divisão Brasil e vice-presidente para América Latina da Elanco Saúde Animal. Formado em veterinária pela Universidade de São Paulo, é especializado em reprodução animal e tem MBA pela Fundação Getúlio Vargas.