Já parou pra pensar que a baixa produtividade apresentada por grande parte dos rebanhos está ligada a nutrição inadequada dos animais? Normalmente, essa situação se agrava no período seco devido à diminuição da oferta e da qualidade nutricional dos pastos. De acordo com estudos da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), o sistema de alimentação de rebanhos deve ser melhorado para aumentar a produtividade dos animais e a renda dos produtores.
O manejo inadequado das gramíneas sob pastejo e o esgotamento da fertilidade do solo têm conduzido os pecuaristas a uma cíclica necessidade de reforma dos pastos e a substituição das forrageiras. Além disso, na maioria das propriedades brasileiras não há planejamento adequado da produção, armazenamento e utilização dos recursos forrageiros para a época seca. Inclusive, em grande parte das propriedades a utilização de pastagens é extrativista, o que explica aos altos números de pastos degradados.
De acordo com o pesquisador da EPAMIG, Domingos Queiroz, o sistema de alimentação dos animais deve ser melhorado com foco no aumento da produtividade dos pastos e do rebanho, o que produz reflexos diretos na renda e na capacidade de capitalização dos produtores.
“Se o produtor planeja intensificar a produção de leite ou carne, a fertilização do solo é essencial. Apesar disso, poucos produtores adotam a adubação dos pastos, por não reconhecerem nessa prática retorno financeiro. Isto explica, em parte, porque a maioria das pastagens encontra-se degradada ou em degradação”, afirma Domingos.
A intensificação do uso das pastagens, por meio do aproveitamento do potencial das forrageiras e utilização de sistemas de manejo produtivos e ambientalmente corretos, pode proporcionar aumento da produtividade pecuária. A exploração racional das pastagens confere menores custos de produção por quilo de leite ou carne produzido e oferece melhores condições de sanidade e conforto animal.
Ao considerar apenas a fase de engorda de bovinos no pasto em áreas degradadas, a produtividade de carne chega a 2 arrobas por hectare ao ano, enquanto que em pastagens com bom estado, esse número pode atingir, em média, 16 arrobas por hectare ao ano. Dados como esses dão a dimensão do potencial das pastagens produtivas e bem manejadas.
Porém, quando questionado se os pecuaristas estão preparados para adotar a intensificação do uso das pastagens, Domingos diz que não. A resposta vem de informações colhidas pela equipe de pesquisadores da EPAMIG em trabalhos técnicos, sociais e gerenciais relacionados à pecuária. Devido a fatores sociais e econômicos, os produtores não têm acesso às tecnologias sobre manejo alimentar adequado e a utilização correta das pastagens.
Além disso, a intensificação de pastagens exige acompanhamento administrativo rígido e sistemático. De acordo com a pesquisadora da EPAMIG, Edilane Silva, um pasto com um número de animais elevado precisa ser monitorado com frequência. O produtor precisa estar preparado para tomar decisões ágeis em relação às variações relacionadas ao estado das pastagens.
“Os processos de gestão de propriedades, de forma geral, ainda estão longe de registrar custos, investimentos, rentabilidade e planejamento de maneira correta. Mesmo em propriedades maiores, onde os investimentos são mais elevados, esses controles são frágeis”, destaca Edilane.
Um bom pasto resulta em bons produtos para o mercado, seja leite ou carne. Por isso, segundo a pesquisadora da EPAMIG, Maria Celuta Viana, o grande diferencial exigido do produtor que quer melhorar seus negócios por meio da intensificação de pastos é a habilidade para gerenciar o aumento da produtividade.
“O que se recomenda para o produtor que não tem experiência é começar aos poucos, em áreas menores, até que ele adquira capacidade e confiança para aproveitar todo o potencial de produção que a intensificação do uso de pastagens oferece sem perdas econômicas em função dos investimentos exigidos”, afirma Maria Celuta.