Os principais indicadores de saúde financeira dos produtores de soja do Brasil, compilados em análise feita pela consultoria DATAGRO, mostraram que o ano de 2019 foi satisfatório em desempenho econômico para a maioria dos sojicultores no país. Para 2020, as projeções são de mais um ano de cenário positivo.
O levantamento da consultoria levou em conta três principais indicadores econômicos dos produtores de soja: preços médios praticados durante o ano, lucratividade bruta e rentabilidade obtida pelos sojicultores. Dois deles se comportaram de forma positiva e um de forma neutra. Os números ficaram em linha com anos anteriores.
A média dos preços da soja em 2019 no Brasil foi de R$ 75,15 por saca de 60 kg ante R$ 75,49/60 kg em 2018, apenas 0,5% abaixo. O pico durante o ano foi registrado em dezembro em R$ 83,11/60 kg. Porém, em função da alta na taxa de câmbio, o valor médio em dólares teve recuo em 8%, passando de US$ 20.69 para US$ 19.04/60 kg.
“Durante seis meses do ano que passou, os preços ficaram acima das médias do ano anterior. As melhores épocas para venda, pelo menos na ótica dos preços, aconteceram entre agosto e dezembro, com pico do ano justamente em dezembro (em 2018 os melhores momentos de venda foram em maio, e depois de julho a outubro, com o pico acontecendo em setembro)”, afirma Flávio França Júnior, coordenador da DATAGRO Grãos.
Já nas análises de lucratividade, que medem a relação bruta entre a receita média obtida e o custo de produção da oleaginosa, a safra 2018/19 de soja teve resultado positivo em todas as áreas de plantio direto levantadas pela consultoria DATAGRO, apesar de algumas localidades apresentarem queda no comparativo anual.
A cidade de Rio Verde (GO) alcançou 44% de lucratividade, abaixo dos 51% de 2018. Dourados (MS) atingiu 35%, também abaixo dos 52% do ano anterior. A base de Cascavel (PR) teve ganho médio de 33%, contra 49% anterior e Rondonópolis (MT) anotou 20% ante 28% no ano anterior. “O comportamento dos custos de produção teve influência direta sobre esse desempenho um pouco mais fraco da lucratividade”, destaca França Júnior.
Em todo o ano de 2019, a soja no mercado físico teve rentabilidade média de 8,42%, já descontada a inflação de 4,38% (índice IPC da Fipe). Entendendo rentabilidade como a variação mensal acumulada, como se fosse um ativo financeiro, descontado o valor da inflação, o resultado ficou praticamente estável em relação ao ano de 2018, com 8,36%. No ano de 2017, a rentabilidade foi de -10,24% e, em 2016, -9,53%. Apesar de resultado positivo em 2019, o número ainda ficou abaixo dos +12,22% de 2015.
França Júnior explica que para este ano de 2020 as projeções desses indicadores de saúde financeira do produtor apontam para um cenário ainda favorável. “Mesmo com maiores custos de produção, a expectativa positiva para a produtividade, e combinando com preços provavelmente elevados, a tendência é que a renda dos produtores avance pela 14ª safra consecutiva em 2020”, ressalta.