Os produtores rurais de municípios próximos à cidade de Assis, em São Paulo, poderão conhecer novas tecnologias relacionadas à produção de milho safrinha e soja. Os trabalhos desenvolvidos pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, serão apresentados durante a 14ª Coopershow, que ocorrerá de 22 a 24 de janeiro, em Cândido Mota, interior paulista. Organizado pela cooperativa Coopermota, o evento deve reunir público de mais de 10 mil pessoas.
A APTA participa do evento desde a sua primeira edição. Neste ano, suas ações estarão focadas nas principais culturas cultivadas na região. “O Polo Regional de Assis da APTA sempre teve por característica desenvolver pesquisas relacionadas ao perfil da região, por isso, mantivemos ao longo de todos esses anos parceria com a Coopermota, que reúne mais de dois mil produtores cooperados, e participamos da Coopershow, um importante evento para nos relacionarmos com mais intensidade com os produtores rurais e transferir soluções desenvolvidas em nossa unidade, mas também saber as demandas desse público”, afirma Sergio Doná, pesquisador e diretor do Polo Regional de Assis da APTA.
A região chamada de Médio Paranapanema, que reúne cidades como Assis, Cândido Mota e Palmital, produz, aproximadamente, 206 mil hectares de milho safrinha, sendo esta a segunda maior cultura cultivada de grãos, perdendo apenas para soja, com 238 mil hectares, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), de 2018. A região também se destaca como a principal produtora em São Paulo de mandioca para a indústria.
Diagnóstico visual das doenças de enfezamento e viroses no milho
Na área de milho safrinha, o pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-APTA), Aildson Pereira Duarte, apresentará informações sobre o enfezamento e viroses que tiveram ocorrência intensificada na região a partir da safra de 2017/2018 e que podem causar até 80% na redução da produtividade e, consequentemente, grandes prejuízos aos produtores.
A APTA apresentará no evento os sintomas das doenças. “O diagnóstico correto das doenças do enfezamento e viroses no campo é fundamental para conhecer a gravidade do problema e quais híbridos de milho são mais resistentes, que devem ser preferidos na próxima safra”, afirma Duarte.
Os sintomas clássicos do enfezamento são a redução de porte pelo encurtamento dos entrenós, as espigas múltiplas e/ou chochas e a alteração da cor verde das folhas para tons vermelhos e amarelos. Já as viroses compreendem muitos sintomas que podem aparecer isoladamente ou associados, incluindo, entre outros, o amarelecimento na forma de mosaico e estrias cloróticas nas folhas, alteração da forma e consistência das folhas mais altas (coriáceas, espetadas e/ou com a ponta rasgada), encurvamento do cartucho ou do terço superior da planta, podridão das espigas, quebramento do colmo no estádio de enchimento de grãos e morte das plantas no estádio reprodutivo.
Segundo o pesquisador do IAC, o manejo preventivo requer a interrupção da ponte verde. Os cultivos contínuos de milho na mesma área ou região ao longo do ano, em diferentes épocas de semeadura, favorecem a migração e a multiplicação de insetos, logo, a sobrevivência das cigarrinhas e dos pulgões que transmitem os patógenos. “Outra recomendação é a eliminação de plantas voluntárias de milho tiguera RR (resistentes ao glifosato) na soja em sucessão, pois na maioria das áreas as cultivares de soja e milho são RR e se aplica o glifosato nas duas culturas. Para tanto, é necessário aplicar também outro herbicida na soja que controle as plantas de folhas estreitas, incluindo o milho tiguera”, explica Duarte.
Avaliação de cultivares de soja
Os pesquisadores do Polo Regional de Assis da APTA desenvolvem diversos projetos com o objetivo de avaliar o desempenho das cultivares de soja que mais se adaptam às condições de clima e solos da região.
Os trabalhos visam a avaliação de 20 cultivares. Doná explica que os solos do Médio Paranapanema são argilosos (33% das áreas destinadas à agricultura) e arenosos (67%). Utilizar as melhores cultivares para atender a estes diferentes perfis de solo pode aumentar em até 20% a produtividade da cultura em solos argilosos e em até 50% em solos arenosos, segundo o pesquisador. “Existem centenas de cultivares de soja registradas no Brasil. É muito importante fazer um trabalho de avaliação para direcionar os agentes de assistência técnica que podem orientar os produtores rurais”, afirma.