Em um ambiente informal, sem a necessidade do terno e da gravata, regado a boas conversas e bebidas geladas, a Revista Rural pela 19ª vez entregou o troféu do TopList Rural, premiação dedicada às marcas e produtos preferidos dos leitores da revista. Realizada em um bar localizado num bairro boêmio da cidade de São Paulo, a festa marcou também a criação de um novo prêmio, o Top Rural, em reconhecimento às melhores ações de marketing realizadas pela empresa ao longo do ano.
“O modo de se comunicar e interagir com o cliente vem mudando totalmente, e de forma muito rápida. Por isso, as empresas estão enfrentando novos desafios para levar conhecimento e conquistar a confiança dos produtores. Cada uma delas, a seu modo, vem encontrando meios criativos e eficazes para alcançar esse objetivo, e nós da Revista Rural, estamos atentos a cada uma dessas iniciativas”, justifica o diretor de redação da empresa, o jornalista Flávio Albim. Para ele, essa nova premiação deve ganhar ainda mais importância nas próximas edições e contar com um número bem maior de categorias: “Decidimos por essa premiação há pouco mais de dois meses. Na próxima edição, tendo um ano inteiro para acompanhar o trabalho dos parceiros, poderemos conhecer mais trabalhos relevantes e ampliar nossas escolhas. Tem muita coisa boa sendo feita por aí, e merecem nosso reconhecimento e aplauso”, afirma Albim. Este ano, o Top Rural teve apenas seis categorias: Melhor Marketing Digital no Agro (Syngenta), Melhor Campanha Institucional de Marca (Corteva), Melhor Ação de Marketing a Campo (Projeto “Na Estrada”, da Biogénesis Bagó), Melhor Ação para Difusão de Conhecimento em Reprodução Animal (Grupo Gerar, da Zoetis), Melhor Ação para Difusão do Bem Estar Animal (Programa “Criando Conexões”, da MSD), e uma homenagem especial ao produto Acatak, pelos “25 Anos de Sucesso no Mercado Brasileiro”. A expectativa é, pelo menos, dobrar o número de categorias na edição de 2020.
Além da confraternização, a noite serviu também para fazer uma análise do ano que está acabando. Rui Pereira Rosa, superintendente executivo de agronegócio do Bradesco, comenta que 2019 para o mercado financeiro foi positivo, com condições de taxas bastante importantes. “A queda da Selic nos ajudou a ter condições altamente favoráveis para o setor agrícola. Hoje nós temos uma oferta grande de recursos, e inclusive sobrou dinheiro, ou seja, temos recursos suficientes para atender o primeiro semestre do ano safra”, declara. Apesar disso, o executivo diz que foi um ano desafiador, repleto de mudanças que forçaram o banco a ser criativo quanto a novos produtos. “O Bradesco fez um bom trabalho, tanto que atingimos uma carteira altamente expressiva de R$ 30 bilhões em termos de ativos no agronegócio, sendo assim o nosso recorde”.
Já o mercado sucroalcooleiro no Brasil e no mundo vem sofrendo grandes impactos de preço, com grandes agentes, como a Índia, por exemplo, inflando o estoque mundial de açúcar. “Isso naturalmente ocasionou uma queda no preço, e o setor sentiu bastante”, analisa Fábio Melo da Silva, especialista em marketing para cana da Case IH. Segundo ele, o mercado que estava acostumado a trabalhar numa ordem de 15 centavos por libra-peso no preço do açúcar, está aprendendo a lidar com o valor de 12 centavos. “Isso apertou a conta para todos e sentimos isso nas conversas que tivemos com nossos clientes ao longo desta temporada”.
Olhando para a pecuária, Fernanda Hoe, diretora de marketing da Elanco para América Latina, diz que 2019 começou sendo bem difícil e relativamente desaquecido. “A medida que os meses foram passando, houve uma mudança e vimos um mercado dinâmico, com maior procura por parte dos produtores e clientes no que se diz respeito a investir em tecnologia e inovação, linhas em que a companhia atua”, diz. Ela conta que a atuação da empresa agregou valor ao aquecimento do mercado, principalmente percebido a partir do mês de junho. “A diferença é notável, e a pecuária agora vive a sua melhor fase dentro deste ciclo”, comenta.
A arroba faz a festa
Apesar dos obstáculos, o Top List deste ano ocorreu em meio a um “mercado quente”, principalmente no setor pecuário, devido a alta do preço da arroba do boi. Isso fez com que as marcas ligadas a este setor estivessem ainda mais animadas, pois o momento é bastante positivo para os pecuaristas, e por consequência, para o País. Marcos Baruselli, gerente nacional de confinamento da DSM, declara que o confinamento e semiconfinamento no Brasil em 2019 tiveram crescimento. “Fizemos um censo que apontou 5,3 milhões de animais confinados neste ano, com tendência de ser superado já em 2020”. Segundo ele, o País dobrou o número de animais confinados nos últimos dez anos, produzindo mais arrobas em menos espaço. “A palavra da vez na pecuária é produtividade, primeiramente porque a conta está fechando, e depois para oferecer mais carne ao mercado interno, evitando uma explosão no preço dentro dos mercados e açougues”, diz. Baruselli conta que esta realidade de relacionamento com a China, que tem exportado nossos produtos, é importante para o setor e por isso o pecuarista tem que buscar produzir mais. “Isso também vai equilibrar os preços aqui dentro. É preciso acertar na gestão, principalmente neste momento positivo em que vive o setor”.
Em cima desta recente realidade mercadológica, Rouber Silva, gerente técnico de grandes animais da Boehringer Ingelheim, diz que para o mercado de saúde animal, este foi um ano desafiador. “Felizmente terminamos o ano com boas notícias, considerando este aumento significativo do preço da arroba, além do mercado de leite também registrar crescimento”. O gerente comenta que olhando para seus negócios, a Boehringer também cresceu consideravelmente. “Os resultados em algumas de nossas linhas de atuação, mesmo diante de um ano com seus costumeiros percalços, mostra a importância do nosso trabalho e o posicionamento que temos no setor”, comenta.
Com atuação na área de genética animal, César Franzon, gerente de desenvolvimento de mercado da CRV Lagoa, declara que o mercado foi um pouco atípico, diferente do que se era esperado, mas que em geral foi bom, com novidades e desafios para o pecuarista, tanto de leite, quanto de corte. “Encaramos diversos momentos diferentes e agora neste fim de ano a alta da arroba traz um fôlego a mais para nós e para o produtor, além de novo ânimo para o ano que vem”. Dentro do setor, Franzon acredita que o mercado foi pautado em avaliação, materiais genéticos superiores, com a maioria dos pecuaristas descobrindo que genética pode fazer a diferença no negócio dele. “Eles cada vez mais enxergam que investir em um animal mais precoce e mais produtivo vai trazer mais dinheiro e rentabilidade ao longo do tempo”.
Nem tudo são flores para a pecuária, e às vezes o choque de realidade pode vir em números bem desfavoráveis para parte do setor. O diretor-geral da Biogénesis Bagó Brasil, Marcelo Bulman, conta que quando se analisa o mercado de bovinos, com os números preliminares do balanço para a indústria veterinária, o mercado basicamente não cresceu, e registrou aumento de 1 a 2%. “Apesar de não serem os dados finais, acreditamos que agora para dezembro, com os números de novembro onde houve campanha parasitária e forte manejo do gado, o mercado não deve crescer mais do que 3%”, declara. Em comparação com 2018, a porcentagem está bem abaixo do registrado, onde o mesmo segmento cresceu na ordem de 8%.
A partir disso, para o executivo, 2020 é uma incógnita, pois agora vivemos um momento de arroba a R$ 210,00, que vem variando positivamente de preço de hora em hora. “Hoje o produtor está na expectativa e esperançoso de que estes números se mantenham. Penso que o primeiro trimestre do ano que vem é fundamental para termos ideia de como será a temporada como um todo”.
Cheios de esperança e trabalho
É com a expectativa em alta, que o ano que vem deve começar já com boas notícias para o mercado. Em cimo disso, ações, como o incremento de ferramentas que ajudem os produtores, estão sendo postas em prática dentro dos principais setores do nosso agro, para quem sabe termos um 2020 superior ao ano de 2019. “O otimismo do produtor de carne é bom para o mercado como um todo. A nossa perspectiva é que 2020 seja igual foi este segundo semestre, com o pecuarista tendo uma rentabilidade maior, o que acaba refletindo na cadeia”, declara Izaias Claro Júnior, gerente de serviços técnicos da Zoetis.
Já Antony Luenenberg, coordenador técnico de bem-estar animal da MSD Saúde Animal, comenta que para o ano que vem a companhia continuará trabalhando em inovação, fortalecendo sua parte de programas e serviços, para cada vez mais levar tecnologia aos clientes. “Pensando em proteína animal, vejo que para 2020 o mercado será bastante favorável, visualizando assim o pecuarista mais ávido por tecnologias dentro das fazendas. Dessa forma, com nossos serviços temos que ajudá-los a aumentar a produtividade e a lucratividade”.
Com frequente participação no Top List, na Kepler Weber, apesar das perspectivas de mercado serem positivas, principalmente no que se diz respeito a preço agrícola e aumento do consumo de proteínas animais, a expectativa para o mercado de armazenagem é de um ano bastante desafiador. “Se trata de um investimento quase que imobiliário, onde as pessoas pensam um pouco mais antes de fazer”, diz Tadeu Franco Vino, superintendente comercial e de marketing da companhia. Com isso, ele comenta que o trabalho da empresa será focado em arrumar formas de fazer o produtor enxergar a importância deste segmento dentro do agro como um todo.