Encerra neste sábado, dia 30, o período do vazio sanitário do algodão para uma das áreas produtoras de Mato Grosso, a região 1, localizada na porção sul do Estado, compreendendo os municípios de Rondonópolis, Primavera do Leste, Campo Verde e seus entornos. Porém, embora o fim do período proibitivo da existência de plantas vivas nessas áreas, o produtor precisa dar sequência às medidas de prevenção e controle contra a incidência de pragas, especialmente o bicudo-do-algodoeiro, que assola as plantações do Estado, conforme alerta o Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt).
Eliminar qualquer tipo de planta de algodão dentro das lavouras de soja, cujo plantio está perto do encerramento em Mato Grosso, é medida essencial para garantir o sucesso da próxima safra de algodão. “Não pode haver plantas vivas de algodão em meio à soja, em geral tigueiras e rebrotas. Trata-se de um risco fitossanitário muito grande, e é tarefa do produtor eliminá-las de qualquer forma”, reforça o coordenador de Projetos e Difusão Tecnológica do IMAmt, Márcio Souza, enfatizando a necessidade do controle químico e a técnica do arranquio nesse processo.
Os armadilhamentos instalados nas propriedades para identificação e captura do bicudo devem ser mantidos para facilitar a identificação da quantidade e da localização das infestações. “Elas precisam permanecer nas lavouras até mais ou menos 35 dias após o plantio do algodão”, destaca o pesquisador. Em Mato Grosso, a safra de algodão começa a ser plantada em dezembro. Já a segunda safra – após a colheita da soja – dá-se entre janeiro e fevereiro. Estima-se que a área total a ser plantada no Estado é de 1,1 milhão de hectares na safra 2019/2020.
Nos talhões de soja onde as armadilhas vêm acusando a incidência do bicudo, o coordenador do IMAmt reforça a importância de o produtor adotar produtos de controle químico que ataquem tanto as pragas próprias da soja como do bicudo. “Às vezes é necessário fazer até três aplicações nas lavouras de soja para também atacar o bicudo, com produtos que controlem dentro das duas culturas”.
As margens das rodovias de Mato Grosso também merecem ação contra a incidência das pragas, tendo em vista que, com o transporte da produção da safra 2018/19 ainda em curso, assim como o transporte do caroço de algodão para as áreas de criação, ocorre o nascimento de plantas. “Tem que arrancar as plantas, tanto os produtores, quanto as concessionárias e o poder público precisam estar atentos e fazer esse trabalho. Essas plantas na beira das estradas são um risco muito grande”, assevera Márcio Souza.
Na mesma linha, o transporte dos produtos – algodão em pluma e os caroços, esse rumo às propriedades de criação de animais – devem ser rigorosamente acondicionados para realização do translado e, dessa forma, evitar que caiam e plantas se proliferem ao longo das margens das rodovias. Fardões precisam estar bem enlonados; os rolinhos, com as telas de proteção, e os caroços, completamente envelopados para serem transportados.
O pesquisador ainda destaca a importância de as fazendas que criam animais em confinamento e, consequentemente, fazem uso do caroço do algodão na alimentação dos animais, eliminarem todas as plantas de algodão que estejam na propriedade. “É preciso promover o arranquio e não deixar nenhuma planta sequer, pois permite a infestação do bicudo”.
O vazio sanitário do algodoeiro em Mato Grosso começou no dia 1º de outubro na região 1 e no dia 15 de outubro, na região 2, que compreende os municípios do norte, médio norte e noroeste de Mato Grosso, como Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sapezal e entornos.
Durante 60 dias ficou proibida a existência de plantas vivas de algodão com risco fitossanitário no Estado. A medida foi estabelecida na Instrução Normativa 001/2016 do Instituto Estadual de Defesa Agropecuária (Indea-MT) para prevenir e conter a proliferação de pragas e doenças, em especial o bicudo-do-algodoeiro, e, consequentemente, o menor uso de defensivos agrícolas na próxima safra.
“A palavra de ordem é a prevenção, pois sempre é melhor prevenir para que não seja necessário um maior número de aplicação de controladores químicos, o que implica em custo também para o produtor”, finaliza o pesquisador do IMAmt.