*Por Renato dos Santos – Começou, no dia 1º de novembro e vai até o dia 30, mais uma etapa da vacinação contra a Febre Aftosa. E, para que a imunização seja bem sucedida é necessário planejamento prévio para que se otimize o tempo dedicado ao manejo, melhore o aproveitamento das vacinas e, em consequência, evite as perdas financeiras. Por isso, fique atento:
1 – Imunize o animal contido
Diferente do que se pensa, o manejo de vacinação no equipamento de contenção leva o mesmo tempo que no brete coletivo, além de ser mais eficiente e barato. A conclusão é do ETCO (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal), da Unesp/Jaboticabal. Segundo o estudo feito pelo ETCO, o tempo médio gasto para vacinação no tronco é menor que o gasto no brete (9,3 segundos contra 10,2 segundos por animal). No brete, as interrupções para socorrer acidentes, como levantar animais que caíram, acabam prolongando o tempo de trabalho.
Quando vacinamos o animal individualmente, no equipamento de contenção e não no tronco coletivo, deixamos o manejo mais rápido, fácil e com menor estresse para o homem e para o animal. Na contenção adequada, conseguimos reduzir as probabilidades dos animais subirem uns nos outros, deitarem, pularem e ainda temos a certeza que imunizamos de maneira correta, sem subdoses ou superdoses.
2 – Siga os conceitos do bem-estar animal e manejo racional
A vacinação é um manejo aversivo e ainda encarada de forma negativa. Por isso, devemos fazer de maneira racional e com toda certeza de que trará ganhos diretos, diminuição na perda de doses, número menor de agulhas tortas, redução de abscessos, menor índice de acidente de trabalho e com os animais, além da eficácia da imunização.
A condução dos animais até o curral deve sempre ser realizada com calma, sem correrias ou gritos. Pois, sob estresse, o bovino produz hormônios, como cortisol, que têm consequências fisiológicas que fazem com que o animal tenha menor probabilidade de reagir imunologicamente à vacina ou a um vermífugo.
3 – Planeje-se para levar o rebanho ao curral
Quando o pasto for distante do curral, os animais devem ser conduzidos na tarde anterior, deixando-os passar a noite no pasto próximo ao curral. O ideal é que o pasto tenha água, sombra e cocho para proporcionar pequenas quantidades de alimento que acostumem os animais a irem ao curral.
Use sempre um vaqueiro a frente do rebanho, usando um aboio para chamar os animais. Nunca utilize objetos pontiagudos, muito menos choque.
4 – Mantenha as vacinas refrigeradas e não congeladas
Para garantir uma vacinação eficiente adquira as vacinas somente em lojas autorizadas. Nunca deixe congelada! O frasco deve ser conservado no gelo, na temperatura de 2º a 8º C, desde sua aquisição até o momento da aplicação, para preservar sua qualidade e produzir os efeitos protetores desejáveis.
Também deve ter cautela com os equipamentos utilizados na vacinação. Mantenha-os sempre limpos para evitar contaminações e reações indesejáveis no local de aplicação da vacina.
5 – Aplique a vacina no local correto
Uma das preocupações dos produtores é a reação vacinal. O diluente da vacina é por si só um produto que causa irritação no local de aplicação. Por isso, é preciso estar atento!
A vacinação precisa ser feita de maneira correta, na região indicada – tábua do pescoço – e com agulha certa, tanto no comprimento quanto na espessura e sem a conhecida pressa.
(*) Renato dos Santos é Médico-veterinário e consultor de bem-estar animal e manejo racional da Beckhauser