Elas cuidam da terra para que dali saiam os grãos que vão resultar nos melhores cafés na xícara. Podem estar à frente do planejamento das lavouras, comandando cooperativas, trabalhando em fazendas como engenheiras e técnicas agrícolas, ser responsáveis pela torrefação, estar à frente da seleção dos melhores produtos para exportação, classificando cafés, empreendendo no mercado com cafeterias e indústrias que agregam o café como insumo. Muitas ainda estão no banco das universidades se preparando para entrar nesse vasto e fascinante mundo da agricultura, outras criando bebidas saborosas e diferenciadas como baristas ou, simplesmente, são exímias consumidoras e apaixonadas por cafés.
Mais de 800 destas mulheres estarão reunidas na próxima semana para o encontro anual da Aliança Internacional das Mulheres do Café do Brasil (IWCA Brasil) – rede formada por profissionais envolvidas em toda a cadeia produtiva cafeeira. O encontro será realizado dentro da Semana Internacional do Café 2019 – SIC, que ocorre entre 20 e 22 de novembro no Expominas, em Belo Horizonte.
Nesta edição, com o intuito de ampliar o debate, a Aliança convidou mulheres da América Latina e Caribe. Já estão confirmadas as presenças de representantes de 12 países. No IWCA Regional Leadership Summit haverá prova de cafés, workshops sobre comercialização, painéis e palestras com temáticas variadas.
“A SIC é fundamental para nossa existência, é o mais importante acontecimento para as mulheres do café brasileiro. Um momento de prospectar negócios, trocar experiências, fazer conexão com todos os setores, resumindo: um mundo de oportunidades”, ressalta Cíntia de Matos, diretora-presidente da IWCA.
Este ano, o IWCA Regional Leadership Summit recebe o apoio do projeto Ganha-Ganha da ONU Mulheres, que tem como objetivo a igualdade de gênero. A IWCA busca dar visibilidade às mulheres em toda a cadeia do negócio café e tem como missão participar e influenciar nas decisões das políticas cafeeiras; incentivar a permanência no campo, promovendo o desenvolvimento socioambiental; divulgar e valorizar os cafés de qualidade, conquistando novos mercados e adicionando valor aos mercados já existentes.
“A presença das mulheres na atividade cafeeira sempre foi de extrema importância, em cada detalhe do processo: na produção com sua habilidade de organização, que traz um excelente resultado na bebida; na sensibilidade de agregar pessoas; na gestão dos recursos e na capacidade de aceitar com maior facilidade o novo. Hoje, temos mulheres apoiando umas às outras em vários setores, não só na produção, mas na comercialização, no desenvolvimento social, nas pesquisas, na habilidade da prova, somando às mais lindas histórias de sabor e de vida”, diz Cíntia.
Questionada sobre os desafios ainda enfrentados pelas mulheres em um setor tradicionalmente comandado por homens, ela diz que há muito o que evoluir. “São grandes os desafios. Percebemos, principalmente na agricultura familiar, que as mulheres que desempenham o papel de mãe, esposa, proprietária e trabalhadora rural ainda não estão inseridas claramente no processo, deixando ainda o palco para o marido ou filhos homens. Nesse sentido, há muitos paradigmas a serem quebrados e eu sonho com o dia em que as mulheres do café passem a ser inseridas normalmente no seu lugar de profissionais do café, ativas e importantes’”, complementa a diretora-presidente da IWCA.