O volume de etanol hidratado comercializado pelas unidades do Centro-Sul no mercado interno somou 2,11 bilhões de litros em outubro, crescimento de 3,88% no comparativo com o volume observado no mesmo mês de 2018 (2,03 bilhões de litros). Essa quantidade representa um novo recorde de vendas do biocombustível no mercado doméstico em um único mês.
Na segunda quinzena de outubro, as vendas de hidratado atingiram 1,11 bilhão de litros, registrando incremento de 3,33% em relação a mesma quinzena do ano anterior (1,08 bilhão de litros).
O crescimento se deve, mais uma vez, a manutenção da competividade do biocombustível frente a gasolina na maior parte do mercado. Com efeito, dados compilados pela UNICA a partir de pesquisa realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicam uma paridade média de 66,9% entre os preços de bomba do etanol hidratado e da gasolina no Brasil na semana de 3 de novembro a 9 de novembro de 2019. Esse índice é muito abaixo dos 73% considerado como diferencial médio de rendimento técnico dos combustíveis nos veículos flex-fuel em condições de campo.
No caso do etanol anidro, o volume comercializado domesticamente na última metade de outubro atingiu 393,98 milhões de litros, 2,75% superior ao valor observado em igual quinzena de 2018 (383,44 milhões de litros).
É oportuno mencionar que as vendas de etanol anidro não incorporam as importações totais do aditivo, mas apenas o volume registrado via SAPCANA (Sistema de Acompanhamento de Produção Canavieira) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
No total de outubro, o volume de etanol (anidro + hidratado) vendido pelos produtores do Centro-Sul atingiu 3,08 bilhões de litros, sendo 227,59 milhões destinados ao mercado externo e 2,86 bilhões vendidos domesticamente.
Desde abril até o final de outubro deste ano, a quantidade de etanol comercializada pelos produtores alcançou 20,22 bilhões de litros, sendo 14,11 bilhões de hidratado e 6,11 bilhões de anidro. Deste total, 1,31 bilhão de litros foram destinados ao mercado externo e o 18,91 bilhões foram vendidos domesticamente.
Esse volume comercializado internamente representa um crescimento de 11,55% na comparação com o valor registrado ao mesmo período de 2018. Se forem consideradas apenas as vendas internas de hidratado, que somaram 13,72 bilhões no acumulado desde o início da safra, o aumento atinge expressivos 13,96% em comparação ao índice observado em igual período do último ano-safra.
Moagem
A quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somou 32,63 milhões de toneladas na segunda metade de outubro.
Com isso, no acumulado desde o início do ciclo 2019/2020 a moagem alcançou 542,89 milhões de toneladas, 6,25% superior às 510,95 milhões de toneladas contabilizadas no mesmo período de 2018.
Até 1º de novembro deste ano, 67 unidades do Centro-Sul haviam encerrado a safra, contra 52 usinas até a mesma data de 2018. Essas 67 empresas registraram retração média de 2,9% na moagem e representaram 20% do total processado pelas unidades do Centro-Sul no último ciclo (113 milhões de toneladas).
Para a primeira quinzena de novembro, a expectativa é de que outras 57 unidades finalizem as atividades desse ciclo, ante apenas 34 verificadas em 2018.
Para o diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “a expectativa é de que essa tendência de antecipação a moagem prevaleça nas próximas quinzenas. Esse cenário só deve mudar se as condições climáticas prejudicarem a operacionalização da colheita”.
Produtividade e qualidade da matéria-prima
Dados preliminares apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) baseados em uma amostra de 77 usinas indicam que a produtividade agrícola alcançou 68,23 toneladas por hectare colhido no mês de outubro. Trata-se de um incremento de 13,8% quando comparado com o indicador registrado em igual período de 2018.
A mesma amostra aponta crescimento de 6,5% no rendimento da lavoura desde o início de abril até 1º de novembro (79,8 toneladas de cana por hectare ante 74,9 toneladas na safra 2018/2019).
A concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) atingiu 151,49 kg por tonelada de cana na segunda quinzena de outubro, com aumento de 13,19% em relação aos 133,83 kg na mesma quinzena do último ano.
No acumulado desde o início do ciclo 2018/2019 até 1o de novembro, o indicador atingiu 138,92 kg por tonelada, cerca de 1 kg menor ao valor apurado em igual período do ciclo 2018/2019.
“A curva de ATR foi deslocada nesse ano e o diferencial de qualidade vem caindo quinzena a quinzena. No final da safra, não devemos registrar diferença significativa em relação ao ATR observado no ciclo 2018/2019”, concluiu Rodrigues.
Produção de açúcar e de etanol
A fabricação de açúcar totalizou 1,51 milhão de toneladas na segunda quinzena de outubro ante as 959,61 mil toneladas na mesma quinzena de 2018. A produção de etanol, por sua vez, somou 2,05 bilhões de litros, com expressivo aumento de 45,35% na comparação com os valores observados no último ano.
“O deslocamento do pico de concentração de ATR e a maior moagem reduziram a flexibilidade das unidades produtoras no último mês. Nas próximas quinzenas, o ATR deve manter a tendência de queda e, com isso, vamos observar um mix de produção ainda mais alcooleiro”, explicou o executivo da UNICA.
Com isso, a fabricação de açúcar alcançou 25,22 milhões de toneladas desde o início da temporada 2019/2020 até 1 de novembro. “Foram 46,46 kg de açúcar fabricados por tonelada de matéria-prima processada nessa temporada, queda de 2,78% sobre o último ano (47,79 kg). Esse resultado permitiu uma redução de 720 mil toneladas na produção acumulada de açúcar até o momento”, observa Rodrigues.
Como reflexo, no acumulado até 1º de novembro, a proporção de matéria-prima direcionada para a fabricação de açúcar atingiu apenas 35,10% ante 35,83% na mesma data de 2018.
O volume acumulado de etanol, por sua vez, totalizou 29,56 bilhões de litros (8,95 bilhões de litros de etanol anidro e 20,61 bilhões de litros de etanol hidratado), registrando incremento de 8,57% em relação ao mesmo período do ciclo 2018/2019. Desse total, a produção de etanol de milho somou 739,02 milhões, com aumento de 100,47% sobre o volume apurado para o mesmo período de 2018.