Por Daniel Bessert* – Num planejamento nutricional correto durante a estação de monta, necessitamos de um suplemento mineral que possua concentrações adequadas de macro e microminerais e que estes sejam provenientes de fontes de alta biodisponibilidade. Devemos sempre lembrar que a fêmea em reprodução é a categoria animal mais exigente do rebanho, pois ela necessita de nutrientes para sua mantença, produção de leite para o bezerro e, ainda, para o início de uma nova gestação. O primeiro ponto a se analisar no início de uma estação de monta é o planejamento nutricional, pois animais mal nutridos, consequentemente, irão gerar resultados abaixo do esperado ao final da estação. Portanto, uma minuciosa avaliação da condição corporal dos animais e um planejamento nutricional adequado, seriam os primeiros pontos a serem observados para o sucesso dessa fase.
Outros pontos que sempre devemos observar são: planejar o período de início e duração da estação de monta de acordo com condições climáticas e objetivos da fazenda; planejar a escolha e/ou compra de touros, sempre utilizando animais com exame andrológico que constate que estejam aptos para a estação; planejar a compra de insumos para a utilização de inseminação artificial; e uma boa avaliação reprodutiva das fêmeas que iniciarão a estação, para que possamos traçar uma boa estratégia, seja ela utilizando monta natural, IA ou IATF.
Ao “padronizar” o ciclo reprodutivo dos animais, o produtor deve levar em conta que os benefícios de se fazer isso, são inúmeros. Com uma estação de monta bem executada, teremos um período de nascimentos de bezerros mais uniforme, o que nos traz vantagens, tanto do ponto de vista de manejo, pois iremos concentrar os partos em um determinado período, quando teremos menores índices de problemas sanitários; e também do ponto de vista econômico, pois teremos mais “bezerros do cedo”, ou seja, animais que nasceram no inicio da estação: estes animais são os que mais se desenvolvem durante a sua fase lactente e desmamam com um peso superior aos demais nascidos durante a estação. Portanto, durante uma boa estação de monta, teremos mais “bezerros do cedo” e bezerros mais sadios.
A escolha da época do ano para a realização da estação de monta deve considerar o período das águas de cada região. Geralmente, iniciamos entre 30 a 60 dias, após o início da estação chuvosa, período este onde teremos uma maior oferta de pasto. A duração da estação será de acordo com as condições e objetivos da fazenda mas, sempre levando em consideração que devemos ter como meta um parto/vaca/ano.
Devidos a todos esses fatores, em grande parte do Brasil a estação de monta se compreende entre os meses de novembro a março, sempre lembrando que o manejo nutricional, mais importante, é o que fazemos nas primeiras horas de vida dos bezerros, sejam leiteiros ou de corte, que inclui o fornecimento do colostro. O colostro é responsável por fornecer os nutrientes e, principalmente, os anticorpos necessários para combater microrganismos patogênicos, uma vez que, devido ao tipo de placenta existente nos bovinos, não há transmissão de anticorpos durante a vida uterina das bezerros. O colostro deve ser fornecido – obrigatoriamente – até seis horas após o nascimento. Depois desse período, a absorção de anticorpos no intestino diminui, chegando a zero, após 24 horas de nascimento.
Os bezerros recém-nascidos não são capazes de digerir a forragem como os ruminantes adultos, sendo o leite o seu principal alimento durante os primeiros meses de vida. Entretanto, devemos estimular o desenvolvimento ruminal por meio de uma dieta correta, onde podemos introduzir uma suplementação com alimentos sólidos que visam, além de favorecer o desenvolvimento ruminal, suprir possíveis carências minerais, promover a saúde intestinal, por meio da utilização de aditivos alimentares (MOS, Beta-Glucanas e Ionóforos) e, dessa forma, iremos promover o adequado desenvolvimento desses animais e torná-los ruminantes, o mais breve possível. E, sempre é bom lembrar, que uma fonte de água com boa quantidade e qualidade, deve estar à disposição dos bezerros já na primeira semana de vida.
Uma fonte de volumoso de boa qualidade como, por exemplo, feno de tifton, deve estar à disposição desses animais, de modo a favorecer a ingestão de fibra e, consequentemente, o desenvolvimento ruminal. Quanto a suplementação mineral é de suma importância porque os componentes básicos da dieta (leite e volumoso) nem sempre são suficientes para suprir as exigências nutricionais dos animais. Portanto, uma boa estratégia de suplementação deve ser específica para cada categoria animal e, quando falamos de animais jovens, devemos sempre lembrar da importância dos minerais no desenvolvimento do animal e na manutenção de um sistema imune eficaz. Graças a isso, as vantagens de uma boa nutrição são inúmeras: menor taxa de mortalidade, menor taxa de animais doentes e maior desenvolvimento dos animais e, desta forma, proporcionar a expressão máxima do potencial genético do animal. Já quando o assunto são os reprodutores, usados na estação de monta, a dieta mais correta é aquela que respeita a fisiologia do animal. Reprodutores necessitam de uma correta suplementação mineral visando uma produção espermática de boa qualidade, onde teremos espermatozóides em quantidade adequada e viáveis para o momento da fecundação. Quando analisarmos um programa de suplementação para reprodutores, devemos nos atentar, além das concentrações de macro minerais, às concentrações de micro minerais, principalmente zinco e selênio, responsáveis pela produção e qualidade espermática. Outro ponto que nunca devemos nos esquecer é que a base da dieta deve ser um volumoso de boa qualidade, pois dietas com alta concentração de amido podem trazer péssimas consequências para a vida reprodutiva de um touro.
A suplementação mineral deve ser específica para cada categoria e para cada período do ano. O sucesso durante e, ao final, de uma estação, será o reflexo direto de como foi o período seco que precede a estação. As fêmeas que receberam uma suplementação adequada e não sofreram alguma privação alimentar durante o período seco, irão iniciar a estação em boa condição corporal e, consequentemente, irão nos proporcionar os melhores resultados, que é o que todos os pecuaristas desejam e precisam conquistar, ao final do período reprodutivo.
(*) Daniel Bessert é médico veterinário e coordenador técnico do Departamento de Nutrição da Matsuda Minas, Divisão de Vitória da Conquista, Bahia/BA.