Por Andreza Cruz* – Apesar de ser o maior exportador mundial de carne bovina, o Brasil possui extensas áreas destinadas à pecuária degradadas em seu território que precisam, invariavelmente, de reforma. Segundo dados mais recentes do IBGE, o Brasil possui cerca de 160 milhões de hectares de pastagens, deste total, 74% estão em más condições.
A boa notícia é que já existem ferramentas eficientes que podem ajudar a reverter este cenário. Uma delas é a Integração Lavoura-Pecuária (ILP), uma alternativa bastante interessante para promover a reforma de pasto e aumentar os índices econômicos das fazendas, que segundo o Inttegra – Instituto de Métricas Agropecuárias, estão com a rentabilidade na média de R$ 28,00/ha/ano**, número que não compete com muitas outras atividades do setor.
A ILP ajudará a reforma, principalmente, com a correção da fertilidade do solo. O lucro obtido na produção de grãos conseguirá pagar a reforma rapidamente, em rotação, resultando em pastos sempre renovados com alta produtividade.
O primeiro passo é o planejamento de toda reforma, com uma meta de produção tanto para agricultura quanto para a pecuária e análise de todos os custos envolvidos no sistema. É importante saber que o pecuarista irá precisar de maquinários para plantio e colheita da lavoura. Caso já tenha alguma agricultura implantada, pode começar utilizando-a, e gradativamente rotacionando e reformando as áreas, otimizando toda a propriedade.
Caso o pecuarista não tenha máquinas, existem duas opções: o financiamento a baixos custos (existem hoje linhas de crédito específicas para a Integração Lavoura-Pecuária e reforma de pastagens) ou arrendar uma parte da terra para começar a lavoura. Há atualmente várias formas de parceria, entretanto, a mais comum é onde o pecuarista arrenda um piquete e o agricultor devolve a terra com o pasto formado.
É importante lembrar que qualquer tipo de integração é representado por sistemas complexos, já que serão desenvolvidas duas ou mais atividades distintas ao mesmo tempo: a agricultura e a pecuária. Por isso a ILP requer investimentos em estrutura, pessoal e, principalmente, em conhecimento — sendo esse último um dos maiores entraves para a adoção eficiente e sustentável do sistema de integração.
É preciso que o produtor adote um planejamento bem-fundamentado de todas as atividades, começando com uma eficiente amostragem do solo. De posse desses dados, decide-se quais as espécies serão implantadas na área (pastagem com milho, pastagem com sorgo, ou outras culturas anuais), sendo, então, possível estimar o custo médio de implantação do sistema escolhido. Importante a avaliação de mercado da região e quais culturas já estão sendo produzidas, para facilitar sua comercialização.
Em seguida, faz-se a correção do solo, dessecação da área; quando esta não está num estágio muito avançado de degradação é recomendado usar o plantio direto. Caso o pasto esteja muito compactado, degradado ou com erosão e irregularidades onde os implementos não conseguirão trabalhar, será necessário fazer o plantio convencional.
O próximo passo envolve três operações que são executadas de forma simultânea: o plantio do grão (milho e sorgo, por exemplo), plantio da forrageira (normalmente braquiária) e adubação de ambas. O plantio da forrageira, sendo ela consorciada ou solteira, pode ser feito em plantio direto, em linhas alternadas com o milho, a lanço na frente do trator e plantando a anual atrás, ou até mesmo sobressemeando na soja lourando, de forma aérea ou na barra do pulverizador a lanço.
Umas das alternativas que pode ser utilizada é da Sementes Oeste Paulista, as sementes com a tecnologia Soesp Advanced, que são tratadas com inseticida e fungicida, tem alta pureza e qualidade e, sua uniformidade, se adapta a todos esses maquinários usados na integração, evitando transtornos na hora do plantio e garantindo um bom estabelecimento. Por fim é realizada a colheita da lavoura, que pode ser utilizada tanto para a produção de silagem quanto para grãos destinados à alimentação animal. Após a colheita da lavoura, a forrageira crescerá rapidamente, podendo, então, ser naturalmente utilizada pelo gado. Esse exemplo pode ser utilizado em todo o Brasil, com grandes, médios e pequenos produtores, ajustando o tipo de cultura integrada e o tamanho da área para a sua realidade.
Exemplificando
Para entender melhor as vantagens da ILP, vale a pena observar a seguinte situação: imaginemos que sua fazenda de gado vem sofrendo com a redução no ganho de peso (ou produção de leite) do rebanho. Foi constatado que o pasto tem algum grau de degradação e, por isso, precisa ser reformado. Você terá duas opções: escolher por reformar toda a área, investindo todo o dinheiro, mão de obra, maquinário e tempo, promovendo a reforma completa de uma só vez e muitas vezes não atendendo a todos os requisitos dos solos de fertilidade. Ou optar pela ILP e realizar as etapas de reforma de pastagens em partes (módulos), rotacionando o uso de cada uma e com o lucro obtido com a produção dos grãos, realizar o pagamento total ou parcial da reforma, deixando um pasto reformado com alta produtividade.
Provavelmente você penderia para a segunda opção, correto? Nesse sistema, a lavoura é rotacionada numa área de pastagem, sendo fundamentalmente utilizada para pagar os custos da reforma de pastagem via integração. Além disso, a ILP possibilita que o solo seja explorado durante o ano todo, favorecendo o aumento da oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo devido ao sinergismo que se cria entre a lavoura e a pastagem.
Porém, mesmo que esteja decidido em iniciar a adoção da ILP, você deve saber que terá pela frente desafios. Adquirir conhecimento neste contexto será fundamental para um bom planejamento e a parceria de todos os funcionários da propriedade.
Por fim, planejando bem a ILP, qualquer produtor encontrará uma ótima oportunidade de viabilizar a reforma das pastagens, aumentar eficiência e rentabilidade, ficar mais preparado para variações de mercado, reduzir impactos negativos dos períodos secos, tudo isso com mais dinheiro no bolso para cuidar do seu negócio com sustentabilidade.
(*) Andreza Cruz é Engenheira agrônoma e técnica de sementes da Soesp – Sementes Oeste Paulista