Por Átila Bankuti* –A sustentabilidade tem o objetivo de viabilizar – economicamente, socialmente e ambientalmente, a continuidade de determinado processo ou sistema. Nesse sentido, a agricultura sustentável consiste em repensar os métodos atuais de produção para satisfazer as necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras.
Estima-se que a população mundial será de aproximadamente 9,8 bilhões de pessoas em 2050, criando a necessidade de aumentar em 70% a produção de alimentos. Para isso, será fundamental intensificar as ações para redução do impacto ambiental da atividade agrícola, atuando na conservação do solo, utilização de insumos naturais, uso consciente da água, redução de resíduos gerados, entre outros.
Com as tecnologias atuais, em muitos casos, a agricultura sustentável é viável economicamente, uma vez que a produtividade mais baixa é compensada pelo custo reduzido de insumos naturais. Para Sergio Tutui, Diretor Executivo da Fundepag, pesquisador científico e biólogo, a viabilidade econômica, bem como o aumento da margem de lucro em negócios ambientalmente sustentáveis estão diretamente relacionados ao investimento no desenvolvimento de novos métodos e soluções que possam amplificar os benefícios da agricultura sustentável, tais como o uso de menor espaço para produção e sementes que exigem menos fertilização e uso de agroquímicos.
Revolução verde, biotecnologia e agricultura de precisão são grandes exemplos de ondas de inovação na agricultura mundial das últimas décadas, que impactaram diretamente o bem-estar social, aumentando a oferta de alimentos e evitando possíveis conflitos e disputas por sobrevivência, energia e alimentos. Etapas importantes foram vencidas, mas desafios enormes são novamente colocados à nossa frente. Esse é o momento de refletir: Como fica a interação com as populações não humanas, como fungos, bactérias, plantas e peixes presentes naquele ambiente anteriormente? Como aliar o direito humano à alimentação adequada com o direito de sobrevivência das outras espécies? Grande parte dessas respostas está na ciência.
Em parceria com o Instituto Biológico de São Paulo, a Fundepag apoiou a realização de mais de 750 análises de sanidade vegetal, somente nos laboratórios da sede do IB em São Paulo, e que vão desde a detecção e identificação de pragas e doenças, até testes de eficiência de biofungicidas para controle de doenças em campo. Além disso, em 2018, Instituto e Fundepag concluíram o projeto de monitoramento da sensibilidade a fungicidas da Phytophthora infestans, considerada uma das doenças mais destrutivas da cultura da batata. São pesquisas como essas o ponto de partida para o desenvolvimento de tecnologias que contribuem para que alimentos de qualidade e saudabilidade continuem chegando às mesas de milhões de consumidores.
O movimento Agtech está só começando. Termos como Big Data, Internet das Coisas, Agricultura 4.0 estão cada vez mais comuns nos encontros e eventos do setor. A capacidade das ferramentas e tecnologias em ler e interpretar as inúmeras interações que ocorrem em uma propriedade agrícola e/ou em floresta, propiciará um enorme avanço de conhecimento. Em breve, o mapeamento genético da biodiversidade estará armazenado em ambientes cloud.
Temos grandes desafios pela frente e plena confiança na capacidade da ciência em prover o avanço que precisamos, a partir de projetos que unam agronegócio e meio ambiente. Impulsionados pela vocação em inovar, a Fundepag busca constantemente parceiros para essa jornada da tecnologia a serviço do bem-estar humano.
(*) Átila Bankuti é Engenheiro Agrônomo pela ESALQ/USP e Gerente de Negócios e Inovação da Fundepag, instituição que conecta pesquisadores, institutos de pesquisa, empresas e hubs de inovação.