Entre os principais exportadores de algodão, o Brasil é um dos principais países com potencial de atender a demanda pelo produto no mundo. Atualmente o país ocupa o quinto lugar no ranking da produção mundial e o segundo lugar de exportadores da pluma. Para subir ou manter essa posição, o cotonicultor brasileiro precisa reduzir a dependência de inseticidas químicos através de melhoramento genético e do aumento no uso de organismos biológicos como fungos e bactérias para o controle de pragas e doenças.
Quem faz essa recomendação é o entomologista Guilherme Gomes Rolim, do Instituto Mato-grossense do Algodão (Ima). Para ele a adoção de outras alternativas de manejo das pragas, das doenças e dos nematoides na cultura do algodão ajudam na redução do custo de produção. “Hoje o principal desafio para o produtor é realizar cultivos cada vez mais sustentáveis e ambientalmente harmoniosos.”
Dos fatores que podem limitar a produção e a produtividade da lavoura de algodão, o bicudo é um dos principais, pois é uma praga que se alimenta somente de algodão, sendo, portanto, de difícil controle. “A grande dificuldade no controle dessa praga se dá principalmente pela dificuldade em atingir o alvo, visto que devido o comportamento de ovipositar dentro das estruturas reprodutivas (botões florais ou maçãs) torna as fases mais sensíveis (ovo, larva e pupa) protegidas contra as principais ações de controle. Além disso, ao se alimentar e ovipositar nas estruturas reprodutivas os adultos também ficam protegidos pelas brácteas”, explicou o pesquisador.
Uma das maneiras de controlar essa praga no período de safra é com uso de inseticidas químicos. Porém está ocorrendo redução da eficiência de grande parte dos produtos utilizados para o controle e também está havendo sobrevivência dessa praga na entressafra, o que tem aumentado as populações do bicudo. Por isso, conforme o entomologista, é importante não deixar nenhuma sobra de restos culturais. A destruição dos restos de plantas do algodoeiro é fundamental para não permitir que o inseto sobreviva.
Para um controle eficaz do bicudo devem ser seguidas rigorosamente as boas práticas agrícolas. Na atual fase da cotonicultura, em que quase toda área de algodão de Mato Grosso foi colhida, Guilherme Rolim recomendada a instalação de tubos-mata-bicudo, que devem ser instalados logo após a colheita, destruição de soqueira e juntamente com a destruição empregar uma aplicação com inseticida específico de eficácia conhecida e posteriormente realizar a instalação de armadilhas como intuito de monitorar e prever os pontos de maior pressão para a próxima safra.
“É possível controlar a ocorrência do bicudo do algodoeiro. Todas as medidas de manejo dessa praga devem ser adotadas para que não ocorra redução da redução da produtividade que somando aos custos com o controle tornam a cultura mais onerosa e menos rentável”, destacou o pesquisador.