Oito mil pessoas trabalham com carreto puxado por cavalos na capital mineira atualmente, segundo dados da Associação dos Carroceiros de Belo Horizonte. Esses profissionais percorrem a cidade levando objetos de todos os tipos, pesos e tamanhos.
Na maioria das vezes, esses animais acabam se machucando ou sofrendo com dores por causa do trabalho pesado. Pensando nisso, alunos do curso de Medicina Veterinária do UniBH criaram um projeto de extensão que, há mais de um ano, oferece suporte gratuito ou a baixo custo aos criadores de equinos. É o A Tração, que abre as portas do Centro Universitário no Campus Buritis para atender os cavalos.
São realizados atendimentos clínicos, radiologia, profilaxia dentária, ultrassom reprodutivo, casqueamento e oferecidas diversas instruções aos criadores, tudo isso de graça.
O projeto é mantido pela UniBH que oferece os insumos básicos. Além disso, algumas empresas de produtos veterinários contribuem com medicamentos.
“A gente vê que existe um problema muito grande relacionado aos animais de tração porque muitos deles não têm os cuidados necessários, por falta de instrução do dono ou condição financeira. Por isso, decidimos criar esse projeto social para ajudar os animais em BH”, explica Bruna Rocha, uma das idealizadoras do A Tração e, hoje, veterinária do Hospital do UniBH responsável pelo cuidado com os cavalos.
Os alunos fazem todo o atendimento com a supervisão dos professores. Quando chegam, os animais passam por uma triagem e por exames gerais com coleta de amostras de sangue que são levadas para o laboratório. O projeto prevê, ainda, exames mais complexos como raio x ou ultrassom, além de cuidados dentários.
“Eles tratam o cavalo com todo cuidado, porque amam os animais, isso dá pra sentir. É um tratamento que nunca vi em lugar nenhum”, conta Marcos Antônio Soares, conhecido como Silvano, carroceiro há 32 anos. Foi dele o primeiro equino tratado pelo projeto e hoje, além de continuar levando seus animais regularmente, sempre indica para os colegas.
“Já levei meus cavalos em outros lugares que não cuidavam direito ou cobravam uma fortuna que nós não temos como pagar. Esse projeto do UniBH é uma benção na nossa vida”, comemora Silvano.
A ação também acolhe animais resgatados e que precisam de cuidados por mais tempo. Desde que começou em 2018, o projeto já atendeu 560 cavalos.