O debate sobre preservação ambiental já pressiona as gigantes brasileiras do setor de carne. Elas se mostraram as mais atentas do mundo em relação a desmatamento, embora no conjunto dos parâmetros de sustentabilidade (ESG) sejam classificadas em alto e médio risco, conforme estudo inédito da Fairr Initiative, associação fundada pelo investidor Jeremy Coller. Com 163 membros – incluindo UBS, Schroders e Robecco, a Fairr Initiative acompanha 107 empresas da cadeia de proteína animal e elabora um ranking de sustentabilidade com as 60 maiores do mundo.
O objetivo é identificar riscos e oportunidades no segmento. Quatro brasileiras estão no ranking, o Coller Fairr Index. Três – JBS, Marfrig e BRF – foram classificadas como companhias de risco médio em parâmetros ESG (riscos de governança e socio-ambientais). A Minerva, que estreia no índice, foi considerada de alto risco.
Ainda que melhor que a de outras regiões, a pontuação das brasileiras também é medíocre (51%). Além do mais, seus compromissos parecem relacionados só à Amazônia, ignorando o Cerrado e outros biomas. As empresas brasileiras também se mostram pouco dispostas a assumir compromisso com a rastreabilidade do gado e da soja para rações.
“O fogo na Amazônia e as subsequentes ameaças de sanções pelas empresas europeias deixam claro que os problemas de sustentabilidade, como devastação e emissão de gases de efeito estufa, são um risco material para as companhias brasileiras. Este cenário manda um forte sinal ao mercado: as empresas estão levando a sério os riscos ambientais”, diz Iman Effendi, pesquisador e gerente de engajamento da Fairr Initiative.
“E os resultados do Coller Fairr Index também mandam uma mensagem clara: a demanda por carne continuará a impulsionar a devastação ambiental e a gerar outros riscos ambientais. Assim, é essencial que os produtores brasileiros diversifiquem suas fontes de matéria-prima, reduzindo a dependência de ativos mais arriscados e incluindo produtos mais sustentáveis, como a ‘carne vegetal’, em seus portfólios.”