O Brasil cultivou 51.3 milhões de hectares (ha) com culturas transgênicas em 2018, um crescimento de 2% em relação a 2017 ou o equivalente a 1,1 milhão de ha. Os dados são do relatório do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia (ISAAA) divulgado nesta segunda-feira, dia 26 de agosto. O estudo, que analisa os benefícios sociais, ambientais e econômicos da adoção global da biotecnologia na agricultura, mostra, ainda, que cerca de 17 milhões de agricultores, entre pequenos e grandes, foram beneficiados globalmente.
Os 51.3 milhões de hectares brasileiros representam 27% de todo o cultivo global de transgênicos e estão divididos em lavouras de soja, milho, algodão e cana de açúcar, que começou a ser plantada pela primeira vez em 2018. “A novidade merece destaque, pois a cana geneticamente modificada é resistente a insetos e representa uma solução tecnológica para o controle da praga mais devastadora da cultura, a broca-da-cana, causadora de prejuízos de até R$ 5 bilhões por ano”, ressalta a doutora em biologia molecular e diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani.
Segundo o estudo, a taxa de adoção de transgênicos no Brasil é de 93%, considerando as quatro culturas para as quais essa inovação está disponível (soja, milho, algodão e cana-de-açúcar). Ao olhar separadamente para cada uma delas, ela chega a 96% na soja, 89% para o milho e 84% para o algodão. No ano passado, o País se tornou detentor de recorde de maior área plantada com soja transgênica do mundo, com 34,86 milhões de hectares (ha), superando por pouco os Estados Unidos (34,09 milhões). Ainda segundo o relatório, o milho transgênico foi plantado em 15 milhões de ha, o algodão em 1 milhão de há e a cana em 400 hectares, em seu primeiro ano de adoção.
O levantamento do ISAAA corrobora os achados do estudo 20 anos de transgênicos: benefícios ambientais, econômicos e sociais no Brasil, conduzido pelo CIB em parceria com a consultoria Agroconsult em 2018. “Ano passado, comemoramos 20 anos de adoção de transgênicos no Brasil. Ao longo dessas duas décadas, os ganhos para os agricultores e para a sociedade foram enormes. O agricultor, por exemplo, pode produzir mais na mesma área, o que melhorou seu rendimento e reduziu a pressão por novas áreas agrícolas. Além disso, houve otimização na utilização de insumos, resultando em uma agricultura cada vez mais sustentável. As informações do ISAAA, mais uma vez, confirmam esses benefícios.”, afirma Adriana.
Adoção de transgênicos no mundo
O estudo monitorou lavouras transgênicas em 26 países que, juntos, cultivaram 191.7 milhões de hectares – aumento de 1% em relação a 2017. A nação que lidera o ranking de adoção dessas variedades no mundo continua sendo os Estados Unidos, com 75 milhões de hectares plantados, mesmo montante de 2017. O Brasil vem na sequência, seguido de:
- Argentina (23,9 mi/ha),
- Canadá (12,7 mi/ha) e
- Índia (11,6 mi/ha).
Esses cinco países respondem por 91% da área plantada com sementes transgênicas. Outros 21 países, em todos os continentes, inclusive na Europa, foram os responsáveis pelo cultivo dos outros 17,4 milhões de hectares, o equivalente a 9% do total.
Países em desenvolvimento como Índia, Brasil, México e Uruguai aumentaram a área plantada com essa tecnologia. “A larga adoção reflete a satisfação dos agricultores com essa tecnologia, uma vez que ela traz mais proteção para a lavoura e mais flexibilidade para o agricultor, devido a um manejo facilitado.”, completa.