“Devido às condições climáticas, como as geadas, e doenças, como a brussone, tivemos uma redução de aproximadamente 20% na produção de trigo em São Paulo conforme relatado pelos produtores. Com esse resultado estimamos cerca de 220 mil toneladas disponíveis para a moagem”, afirma Nelson Montagna, Presidente da Câmara Setorial do Trigo.
No entanto, Montagna espera que, mesmo com um volume abaixo do esperado, a qualidade do trigo que será ofertada seja melhor. Segundo ele, com o trabalho da Câmara vem sendo possível reduzir a quantidade de variedades plantadas, criando assim uma maior homogeneidade do trigo. “Isto é uma demanda muito forte da indústria que está em busca de um grão mais homogêneo e de melhor qualidade”, revela.
Guerra Comercial
De acordo com Roberto Sandoli Júnior, gestor de Crise da INTL FCStone, a ‘guerra comercial’ entre a China e os EUA também tem sua parcela de responsabilidade: “Apesar deste conflito envolver mais a soja e outros produtos, como os setores agrícolas são conectados, isto acaba impactando o mercado como um todo”, alerta.
Hoje o cenário mundial do trigo é baixista devido ao volume de produção, pela demanda e pelos estoques mundiais. “Teoricamente se você isolar o trigo das outras commodities, o torna baixista. No entanto, quando falamos de guerra comercial, a questão das moedas internacionais e a crise mundial acabam impactando as commodities. Ou seja, faz com que a pressão de preço seja limitada mesmo sendo um cenário baixista para o trigo “, afirma.
“A tendência de queda do trigo pode ser limitada justamente por causa disto. Se tem menos milho sendo plantado com uma área menor isto pode refletir nos preços do trigo. A questão cambial também acaba impactando o grão nacional por conta da paridade de importação”, finaliza.