A implementação da Rede Regional de Alerta Antecipado para combater a ferrugem do café, a geração do Plano Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura na América Central e na República Dominicana e a criação de uma plataforma de pesquisa para monitorar e avaliar as raças de ferrugem e apoiar os produtores no controle da doença, fazem parte dos avanços do Programa Centro-Americano de Gestão Integral da Gestão da Ferrugem do Café (PROCAGICA).
O progresso desta iniciativa financiada pela União Europeia (UE) e executada desde 2016 pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), foi apresentado durante uma reunião do comitê assessor do programa em San José, na Costa Rica.
Este comitê provê diretrizes e orientações políticas às ações do PROCAGICA e é composto por representantes da UE, do IICA, do Programa Cooperativo Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Modernização da Cafeicultura (PROMECAFE) e do Conselho Agropecuário Centro-americano (CAC).
“O café é de enorme importância para a região centro-americana. É o primeiro produto de exportação para Europa e tem uma grande transcendência econômica e social. Para a UE, é fundamental seguir de perto os avanços positivos do PROCAGICA como parte da busca por soluções a longo prazo de problemas como a ferrugem e outros causados pelas mudanças climáticas”, destacou o Chefe da Cooperação Regional da UE, Alberto Menghini.
Na América Central, mais de 500.000 produtores, em sua maioria de pequena escala, se dedicam à cafeicultura, que gera cerca de dois milhões de empregos diretos e indiretos.
Segundo o coordenador do PROCAGICA, Harold Gamboa, outras conquistas da iniciativa para dar impulso a este setor estão ligadas à renovação de fazendas, a diversificação produtiva e o manejo de cafezais com alternativas tecnológicas, assim como ações conjuntas com a institucionalidade cafeeira da Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e República Dominicana.
“Fortaleceram as capacidades de mais de 6.000 pequenos produtores para aplicar medidas de adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas a partir da gestão integral do cultivo. 34% são mulheres e 14% jovens, todos pertencentes a 180 organizações”, afirmou Gamboa.
“Foram implementados modelos tecnológicos em 4.100 unidades produtivas orientadas a melhorar a viabilidade da produção cafeeira, combinando o cultivo com práticas diversas e amigáveis ao meio ambiente, com potencial para proporcionar benefícios adicionais em conservação e biodiversidade do ecossistema”, acrescentou.
Outro avanço foi a formação de uma rede de cafeicultoras nos sete países do PROCAGICA, que procura empoderá-las e propiciar uma maior participação no manejo das fazendas e aumentar seu acesso aos serviços, para que elas e suas famílias melhorem sua produtividade e qualidade de vida.
“A intenção é contribuir com soluções mais integrais às problemáticas que enfrenta a cafeicultura na região. No entanto, há muito por fazer, em conjunto com um parceiro estratégico como a UE e nossas contrapartes, para consolidar as organizações produtivas, melhorar sua produtividade e transferir-lhes mais inovações tecnológicas disponíveis”, completou o Diretor de Cooperação Técnica do IICA, Federico Villarreal.
PROCAGICA, que tem vigência até 2021, buscará também resolver novos desafios em áreas como a comercialização, a certificação de origem, a geração de valor agregado à produção e a transformação de produtos para facilitar sua inserção nos mercados internacionais.
“Nossa meta é oferecer alternativas de modelos de produção mais sustentáveis e rentáveis ante este contexto atual que apresenta a variação climática e os preços do café. Temos trabalhado forte com o pequeno produtor para que essas ações em sua fazenda estejam dirigidas para suas necessidades e a atualidade que demanda a globalização”, explicou Harold Gamboa.
Na reunião na sede central do IICA, em San José, o comitê assessor do programa aprovou a criação de um laboratório de referência regional para a análise molecular de raças de ferrugem do café, assim como para o melhoramento genético de novas variedades de cultivo que se adaptem melhor às mudanças climáticas.