Por Cintia Leitão de Souza* – Começaria a valer no último dia 20 de julho as novas regras para o cálculo do frete mínimo de transporte de cargas publicadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Nessa nova edição da MP, a metodologia para o cálculo do frete mínimo deveria considerar 11 tipos de categorias de cargas. Deveriam ser considerados também o tipo de carga, os custos de deslocamento, os custos de carga e descarga, além de o número de eixos carregados. Haveria a aplicabilidade de multas para o descumprimento do pagamento dos pisos mínimos instituídos. Não obstante, ainda seria levada em consideração a distância percorrida pelo caminhoneiro. Digo seria porque, no dia 21, segunda-feira, dois dias depois da data prevista para as novas regras de cálculo entrarem em vigor, o governo voltou atrás e resolveu suspender as mudanças. Essa atitude, de lançar uma nova tabela com novas regras em um dia e 48 horas mais tarde anunciar o seu fim, é provavelmente o maior problema que o Brasil enfrenta para o seu crescimento. Não existe maior trava para o desenvolvimento do que a instabilidade e incerteza nas regras da economia.
Estabilidade: um bem necessário
Vamos pensar na Austrália, por exemplo. O PIB australiano tem uma variação de 0.9% ao ano desde 1991. Você não irá encontrar a Austrália em nenhuma lista dos países que mais crescem no mundo, na verdade o seu PIB se mantém estável em 2,5% ano em média por mais de três décadas, mas é um dos países mais previsíveis do mundo para o empresário. Ele sabe exatamente quando e onde investir pois tem a confiança na estabilidade do país e certeza do seu crescimento, mesmo que modesto. Com isso podem fazer algo que para nós aqui do Brasil parece uma missão impossível: planejar o futuro.
Para nós do agronegócio, sem planejamento, não existe safra. A comida que vai para a sua mesa hoje foi planejada com anos de antecedência. Um fazendeiro ou uma empresa do agro só pode investir em ações para melhorar a safra do próximo ano com uma avaliação que considere planejamento e estratégia, algo que envolve logística. Para planejamento de safras, existem tecnologias e soluções específicas que podem atender este empreendedor agro de forma específica, de acordo com seus objetivos e planejamento, incluindo a gestão de toda a logística que esse mercado necessita. Porém, para isso a visão de futuro se faz essencial.
Logística no agronegócio x desafios do país
O Brasil ocupa a terceira posição de maior produtor mundial, liderando a produção dos principais cultivos como soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão. Toda essa complexa dinâmica de negócio e produção englobam uma cadeia que mais se adequa a um emaranhado de rotas ou de redes interligadas, de ponta a ponta, que passam por várias decisões logísticas.
Porém, quando falamos sobre a infraestrutura logística no Brasil como um todo, na lista de transportes modais, as rodovias são as opções mais caras, só perdem para o transporte aéreo. Hidrovias e ferrovias deveriam — mas não são — os meios mais lógicos e econômicos para o transporte de carga, principalmente se estamos falando de produtos alimentícios. Falta, entretanto, investimento para a construção de uma infraestrutura compatível com o montante dos commodities que produzimos e exportamos. Ferrovias necessitam de grandes investimentos e demoram anos, muitas vezes décadas, para estarem prontas. 70% do que produzimos utilizam-se ainda de rodovias. E essa é a discussão que realmente interessa ao futuro do nosso país. Como criar, de forma consistente e planejada uma infraestrutura nacional que atenda as demandas das nossas commodities?
Um estudo publicado pela Fundação Dom Cabral em 2018, apontou que 12,37% do faturamento bruto das empresas têm sido corroídos pelos custos logísticos. Em outra pesquisa de 2015, dessa vez realizada por um pesquisador da ESALQ, estimou-se que o Brasil perde em média em uma safra, algo em torno de R$ 2 bilhões de reais em grãos de soja e milho. Esse dinheiro, literalmente, fica espalhado pelas estradas brasileiras, nunca chegando ao porto de destino. R$ 2 bilhões de reais todos os anos.
Os números assustam, e com razão. Precisamos arregaçar as mangas e assumirmos a responsabilidade dos nossos papéis de líderes e profissionais de gestão no agronegócio. Considerando tantos empecilhos, desperdícios, distâncias e custos, a eficiência operacional faz parte da nossa lição de casa. É preciso investir em gestão e, com ela, em tecnologia. Apenas com controles e planejamento eficientes teremos diferenciais competitivos que nos permitam transitar com nossas mercadorias no país internamente e em todos os continentes alçando o agronegócio brasileiro a patamares ainda mais altos. A adoção de tecnologia não é mais uma opção, é mandatória.
Para isso, contamos hoje com modernas tecnologias para gestão. Desenvolvemos e disponibilizamos soluções que otimizam e melhoraram toda a performance logística da cadeia do agronegócio. Conectamos dados desde o planejamento das instalações fabris, controles de acesso de funcionários e visitantes, gestão de pessoas, armazéns, controles de silos, balanças e de toda a parte logística permitindo o planejamento de fretes, previsibilidade de cargas e entregas portuárias.
Como líder dentro de uma das maiores empresas de tecnologia para gestão do Brasil, afirmo que hoje estamos com tecnologia de ponta para defender e atuar com os nossos executivos do agronegócio. Não paramos de inovar, e mais do que isso, fazemos a nossa parte plantando para colher o Brasil agro que queremos amanhã.
(*) Cintia Leitão de Souza é Head de Agronegócio da Senior Sistemas