Movimento cada vez mais comum na pecuária brasileira, as cooperativas têm confinado os animais de seus cooperados. Na Coplacana, localizada na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, por exemplo, são realizados dois ciclos, atendendo até 4.300 animais por ano.
Acostumada a fazer revenda de produtos agropecuários, insumos e defensivos voltados ao setor, a cooperativa começou a realizar o confinamento em 2009, a partir da necessidade de oferecer diversificação.
Evandro Nasato, coordenador de unidades da Coplacana, conta que apesar de ser voltada ao setor de cana, a cooperativa percebeu a necessidade de ajudar ainda mais os seus cooperados que possuem gado de corte. “Dessa forma, surgiu então a necessidade de diversificarmos as culturas deles, e entramos com a realização da unidade de recebimento de grãos para dar suporte a quem também planta cereais, além de confinar, para dar suporte principalmente na época da seca para se ter um destino de terminação do rebanho”, diz. Atualmente, o local tem capacidade estática de cerca de dois mil animais e faz dois giros ao ano, iniciando em abril e terminando em dezembro. “Nesse período fazemos um primeiro giro até agostou ou setembro, e o segundo até o último mês do ano”.
Dos 12 mil cooperados que a Coplacana possui, cerca de 200 utilizam o serviço de confinamento. A maioria deles está localizado próximo a Piracicaba, devido ao fácil deslocamento e também ao custo do frete. “Nós temos uma equipe responsável pelo contato com os pecuaristas, a fim de ver a disponibilidade de baias, buscando formar os lotes onde os animais vão ficar em média por 100 dias, ganhando 1,5 kg/dia antes de ir para o abate”, comenta.
Atualmente, a Coplacana tem capacidade estática de cerca de dois mil animais e faz dois giros ao ano, iniciando em abril e terminando em dezembro.
Parcerias “dão um gás” nos ganhos
Para conseguir mostrar resultados positivos aos pecuaristas que confiam seus animais à cooperativa, duas frentes de manejo são utilizadas na propriedade. A primeira é uma base operacional convencional, onde o animal pesa na entrada, fica por lá em torno de 90 dias e depois pesa novamente na saída para verificar o ganho de peso. “A outra frente é uma tecnologia que temos em parceria com a startup @tech, chamada BeefTrader. Trata-se de um sistema que é colocado dentro dos piquetes através de balanças que pesam o animal toda vez que ele toma água. Ou seja, entre dez e doze vezes ao dia”. Nasato conta que o benefício que isso traz ao produtor é a facilidade em acompanhar em tempo real os seus animais, através de um software em seu smartphone, notebook ou tablet. “Em novos tempos tecnológicos, oferecer esta opção nos diferencia e nos aproxima ainda mais do amigo pecuarista”, declara.
E já que parcerias são bem-vindas, há um ano a DSM se juntou a Coplacana, com o objetivo de desenvolver o confinamento e profissionalizar esta operação. E o trabalho vem gerando bons resultados. Marcelo da Rocha Brando, assistente técnico comercial de confinamento da empresa, conta que o trabalho é focado na parte de nutrição e manejo animal, com visitas semanais que são realizadas para orientar o manejo de coxo, ajustes necessários na dieta de acordo com o tipo de animal que entra e o período que está no confinamento. “Fazemos a parte de manejo nutricional dos animais, seja na entrada ou nas orientações de saída. Tudo em busca de resultados satisfatórios para a cooperativa e também para os pecuaristas”, diz.
A DSM se juntou a Coplacana com o objetivo de desenvolver o confinamento e profissionalizar as operações. O trabalho vem dando bons resultados tanto para a cooperativa, quanto para os cooperados.
Antes do projeto, os aditivos utilizados como promotores de crescimento eram antibióticos. Agora, estes foram substituídos por óleos essenciais, que promovem o maior consumo da ração, maior ganho de peso diário (GPD) e maior conversão alimentar. “Antes de utilizarmos o Crina, por exemplo, o GPD era de 1,6 kg, e hoje é de 1,7 kg. Este aumento paga o investimento e ainda deixa lucro para o confinador”, declara Brando.
Em cima disso, Rafael Pessin, representante técnico comercial da DSM, diz que a evolução se deu em questões de tecnologia e novos resultados. “Adicionamos um novo protocolo e uma nova dieta com outros níveis, nos dando em apenas um ano de parceria proveitos bastante satisfatórios”. Segundo ele, na elaboração do projeto, 2018 era o ano em que dimensionariam alguns passos através das mudanças nas dietas, e, que agora neste ano o foco principal é mensurar os melhores dados que possuem, para poder entregar tanto para a cooperativa, quanto para o produtor resultados que sejam sentidos no bolso, e assim que se confie cada vez mais neste sistema de confinamento.
A grande quantidade de chuva que ocorreu entre março e maio deste ano manteve as pastagens mais verdes por mais tempo, o que acabou postergando o início do confinamento no Brasil.
Ano positivo para confinar
Mesmo com o começo tardio do confinamento em 2019, devido ao outono chuvoso que o País teve,
as projeções são as melhores para o pecuarista brasileiro. Segundo o gerente nacional de confinamento da DSM, Marcos Baruselli, choveu bastante entre março e maio, o que não é normal, e isso manteve as pastagens mais verdes por mais tempo, então o confinamento foi postergado. “Após junho, onde a seca começou se instalar pelo Brasil Central os confinadores começaram a realizar uma atividade mais intensa”, diz. Mas, devido a este atraso muitos farão apenas um giro, só que mais extenso, chamado de “girão”. E os que que manterão os dois giros, terão que empurrar o final do segundo mais para frente.
A previsão para este ano é que mais de cinco milhões de bois sejam confinados no Brasil, com a arroba seguindo firme para outubro. “Na BM&F já é possível travar boi a R$ 161,00, com o custo de produção entre R$ 100,00 e R$ 110,00, dependendo do confinador. Na minha visão este é o melhor dos últimos cinco anos para se confinar boi no País, e um dos melhores da história”. O que se nota é que além dos lucros no bolso do confinador, esta previsão positiva significa também uma carne de melhor qualidade chegando à mesa do brasileiro. “O consumidor pode ter a certeza de que consumirá uma carne com procedência de origem, com garantia de qualidade, com segurança alimentar”, declara Baruselli. E para ele, esta é a nova tendência do mercado, uma vez que quem consome carne está mais exigente sobre estes aspectos, além de buscar um alimento saudável para consumo. “Isso faz com que os confinamentos brasileiros busquem atender com excelência esta demanda, oferecendo ao final de tudo animais de alto padrão”.
• Texto e Fotos: Bruno Zanholo