Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Fitopatologia, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) buscou identificar genótipos de cana de açúcar resistentes ao raquitismo da soqueira (RS) por meio da técnica de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR).
A autoria é de Marie Caroline Ferreira Laborde e orientação do professor Luís Eduardo Aranha Camargo, do departamento de Fitopatologia e Nametologia. Marie lembra que esta doença acomete todas as regiões produtoras de cana de açúcar no Brasil e no mundo, sendo relatado perdas superiores a 40% na produção.
“Em relação aos sintomas causados pelo RS pode-se observar o encurtamento e diminuição do diâmetro dos colmos em plantas infectadas, o que resulta no subdesenvolvimento da planta e diminuição da vida útil do canavial”. Muitas vezes, segundo a pesquisadora, estes sintomas não são incialmente evidentes e podem ser confundidos com deficiência de água e nutrientes, o que contribui com a disseminação e multiplicação do patógeno. “O manejo da doença consiste na implantação de um canavial livre do patógeno a partir de mudas sadias obtidas por meio de tratamento térmico de toletes ou utilização de mudas provenientes de cultura de meristema. Esta forma de manejo não é eficiente, uma vez que não elimina por completo a bactéria”, explica.
Por isso a distribuição mundial destas doenças, ausência de sintomas característicos, aliada as dificuldades de ser ter um manejo eficiente, evidenciam a necessidade de se desenvolver novos métodos de controle. “Uma alternativa interessante, abordada recentemente no controle de doenças de plantas é a identificação e seleção de genótipos resistentes por meio da técnica de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR). Esta técnica se baseia na identificação e separação de plantas por meio de diferenças metabólicas na constituição dos tecidos”, detalha Marie.
Entre os benefícios em relação outras técnicas utilizadas atualmente na seleção de genótipos resistentes, destaca-se o baixo custo e rapidez no processamento das amostras. “Os resultados obtidos neste estudo demonstram que por meio da técnica FT-IR é possível predizer o nível de resistência de variedades de cana-de-açúcar à RS. Portanto, tendo em vista a eficiência desta metodologia é proposto a implementação desta técnica em programas de melhoramento da cana-de-açúcar não somente para RS mas também para outra doenças, o que permitiria uma redução significativa do tempo estimado para seleção e lançamento de novas variedades resistentes”, finaliza a pesquisadora.