O setor de alimentação animal registrou crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2019, em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos primeiros três meses deste ano, foram produzidas 17,3 milhões de toneladas de rações ante 17,1 do primeiro trimestre de 2018, de acordo com Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). “Em 2018, o setor produziu 72,2 milhões de toneladas de ração e sal mineral e a previsão é encerrar este ano com 73,7 milhões de toneladas, equivalente a um incremento de 2,1%”, afirma Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo da entidade.
Nos primeiros três meses de 2019, o produtor de frangos de corte demandou 8,7 milhões de toneladas de rações, um avanço de 1,3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. A produção de grãos tende a aumentar (apesar das incertezas na quebra de safra americana de milho) e estimular a cadeia produtiva pecuária, muito embora a perspectiva de menor crescimento global (guerra comercial entre China e Estados Unidos, Peste Suína Africana, etc.) e a fragilidade da economia doméstica (desemprego, tabelamento de frete, reformas, volatilidade do câmbio, etc.) continuem comprometendo maior demanda local por proteína animal.
De janeiro a março, a produção de rações para poedeiras somou 1,4 milhão de toneladas, um retrocesso da ordem de 7%, em resposta à razoável queda no preço pago ao ovo pelo setor atacadista, ao plantel acumulado no primeiro trimestre que somou 27,4 milhões, à mortalidade provocada pelas altas temperaturas e também ao processo de muda forçada por parte dos granjeiros.
Já a demanda por rações para suínos avançou 2,4% durante o primeiro trimestre e somou 4,2 milhões de toneladas, impulsionada pela melhora expressiva nos preços pagos aos produtores e pelo aumento das exportações de carne suína à China, por conta do surto de Peste Suína Africana. Apesar das boas perspectivas futuras no tocante à demanda externa, os suinocultores independentes – principalmente – tem mostrado cautela e moderação no alojamento de leitões.
As poucas variações na relação de troca, no valor da arroba e da reposição e a qualidade das pastagens, no início do ano, culminou na produção de 469 mil toneladas de rações/concentrados para bovinos de corte no primeiro trimestre de 2019, marca bastante parecida àquela apurada no mesmo período do ano passado. O retorno dos investimentos na nutrição industrializada mais eficiente será modulado pela intensidade na concentração da oferta de bois terminados que pode aliviar seus preços, e o início do ciclo de alta da pecuária que deve levar à valorização da desmama e recria. Estes fatores, somados à disponibilidade doméstica e preço do milho, e ao recrudescimento ou arrefecimento do embate comercial travado entre os Estados Unidos e a China, decerto influenciarão sobremaneira a intenção de confinamento durante o ano corrente.
A escassa oferta de leite cru das principais bacias leiteiras aos laticínios, acentuada durante o primeiro trimestre desse ano, elevou em quase 20% o valor pago ao produtor e, em consequência favoreceu o incremento do preço no atacado, no varejo e no mercado spot, e permitiu que os produtores mais tecnificados investissem na alimentação industrializada que alcançou 1,4 milhão de toneladas e crescimento da ordem de 8,8%, quando comparado ao mesmo período do ano passado. A entrada da entressafra deve incrementar o preço dos lácteos, no entanto, a amplitude da demanda na ponta final da cadeia pode mitigar a intensidade da alta.
A produção de rações para piscicultura durante o primeiro trimestre de 2019 somou apenas 330 mil toneladas, principalmente devido à redução do povoamento de tilápias, motivado pelo baixo preço que persistiu durante todo o ano passado e que continua comprometendo sobremaneira a rentabilidade dos produtores independentes, ao contrário das grandes cooperativas que seguem investindo no modelo de integração da cadeia produtiva. No caso da carcinicultura, a redução da virulência da mancha branca (melhor índice de sobrevivência especialmente no Ceará) e a retomada de alguns polos produtores, antes inviabilizados pela estiagem, determinaram a demanda de 22 mil toneladas de rações para camarões, ou seja, um avanço de 10%, quando comparado ao período de janeiro a março do ano passado.
Apesar da gravidade das circunstâncias contemporâneas os tutores continuam oferecendo mais alimento industrializado, completo e balanceado aos mascotes. A estimativa é que de janeiro a março de 2019 a quantidade produzida alcançou 595 mil toneladas de alimentos para cães e gatos e avançou 2% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.