O Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, celebra 132 anos de atuação. Considerada uma das mais importantes instituições e pesquisa e desenvolvimento no agro brasileiro, o IAC comemora importantes conquistas voltadas para a inovação.
“O impacto dos resultados do IAC na agricultura é significativo, imensurável e crescente”, resume o diretor-geral do IAC, Marcos Antonio Machado. Para ele, tão importante quanto desenvolver as tecnologias é transferi-las ao agricultor. “Ele é o usuário final da tecnologia que a reverte em produtos para a sociedade”, diz.
A cada aniversário, o IAC seleciona alguns trabalhos desenvolvidos no ano anterior para ressaltá-los. Este ano, um desses destaques é a parceria do Instituto com a Natura na prospecção de novas moléculas da flora brasileira para composição de perfumes. Esse trabalho permitiu que a Natura lançasse, em 2019 e 2018, duas novas fragrâncias, Química do Humor e Urbano Noite, completamente inéditas no mercado mundial. Essas fragrâncias trazem, pela primeira vez, o óleo essencial de Piper, uma pimenta da Mata Atlântica.
Vários estudos foram conduzidos sob a liderança da pesquisadora do IAC, Márcia Ortiz Mayo Marques. “Apesar de a espécie utilizada ser abundante, fizemos o cultivo justamente para preservá-la”, diz. Nas pesquisas também foram descobertas outras espécies promissoras, todas repassadas à Natura e o projeto em parceria foi concluído.
Outro importante destaque do IAC tem envolvimento direto com a proteção do trabalhador rural. Trata-se do desenvolvimento de um método inédito para avaliar os resíduos de produtos químicos nas vestimentas de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Essa tecnologia permite avaliar a resistência dos tecidos às lavagens e até a possível contaminação do solo, em caso de chuva ou de degradação, ajudando a proteger a saúde do trabalhador rural. Para chegar a esse sistema, foi desenvolvido um pulverizador específico que gera dados uniformes de resíduos para avaliar qual o volume dos produtos que permanecem nos tecidos após 30 lavagens e se eles contaminam o solo.
A pesquisa faz parte do Programa IAC de Qualidade em Equipamentos de Proteção Individual (IAC-Quepia) e foi apresentada em maio deste ano, em reunião técnica do Consórcio Internacional para Desenvolvimento e Avaliação da Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura, na França. O protótipo do equipamento foi validado em outubro de 2018. O próximo passo será a publicação do método como padrão de análises de resíduos em vestimentas.
Alinhado com sua missão de gerar e transferir tecnologia diretamente ao produtor rural, o IAC registrou no último ano oito novas cultivares de várias espécies, incluindo milho, batata, cana-de-açúcar, sorgo e citros.
Em cada aniversário, o IAC homenageia um pesquisador científico e um funcionário de apoio por suas contribuições à pesquisa. Este ano, será agraciado com o Prêmio IAC 2019 o pesquisador de milho e sorgo, Eduardo Sawazaki, no IAC desde 1973. O funcionário agraciado será Carlos Aparecido Fernandes, da área de grãos e fibras, há 28 anos no Instituto. O Prêmio IAC também será entregue ao produtor rural Esdras Pinto Vilhena. Neste ano também será feita uma homenagem especial a dois servidores pelo tempo de dedicação ao IAC — Iolanda Lurdes da Silva Sousa e José Aparecido Nogueira, ambos estão no Instituto há 57 anos.
Outra conquista que marca os 132 anos da instituição é a obtenção da marca registrada do Sistema de Mudas Pré-Brotadas, obtida em abril junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Cerca de 700 profissionais já foram treinados pelo IAC nesse sistema pioneiro de produção. A qualificação da produção tem contribuído para alçar alguns produtores a viveiristas de mudas credenciados pelo Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).