Quinze em cada 100 bezerras nascidas em fazendas de leite no Brasil morrem antes de completar um ano de vida, na maioria dos casos por questões de resolução simples e barata, como manejo e boas práticas sanitárias e profiláticas. O dado é do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB), divulgado hoje (18/06), com base nos dados de cerca de 900 fazendas de leite entre as mais tecnificadas do país. “Das 69.000 bezerras nascidas entre abril de 2018 e março de 2019 nessas fazendas, foram registradas aproximadamente 11 mil baixas, desconsiderando-se os descartes voluntários”, contabiliza Heloise Duarte, médica veterinária e diretora-geral do IILB.
“A mortalidade real de todo o rebanho de leite brasileiro pode ser bem maior”, alerta Heloise Duarte porque, segundo ela, os dados recentes do IILB originam-se de um levantamento feito junto a cerca de 900 fazendas entre as mais tecnificadas do país, responsáveis pela produção de 1,37 bilhão de litros de leite por ano, aproximadamente 4% da produção nacional. “A informação de sobrevivência é um importante recurso para realizar projeções de rebanho e planejamentos financeiros”, conclui a diretora.
Segundo ela, 56% das mortes de bezerras registradas pelo levantamento do IILB devem-se a três fatores: diarreia (21,00%), tristeza parasitária (20,43%) e pneumonia (14,29%). “Essas são causas que podem ser resolvidas com ações de gestão simples, que não exigem investimentos vultosos”, diz Heloise Duarte. “A diarreia decorre da falta de higiene nos currais, a tristeza parasitária é transmitida por carrapato e a pneumonia pode ser reduzida com maior cuidado na acomodação dos animais”, exemplifica ela.
Para ela, pode-se notar a diferença entre as fazendas que gerenciam esses problemas. Pelos dados do IILB, as fazendas posicionadas entre as “top 10%”, a mortalidade das bezerras é 41% menor. “Nessas, morrem 9 a cada 100, e isso é uma grande diferença”, diz ela. Outro ponto de comparação feito pela diretora: nos Estados Unidos, uma referência entre as fazendas de leite, a Dairy & Calf Heifer Association (DCHA) indica que a expectativa ideal é de uma mortalidade de 10% de bezerras e novilhas até os 24 meses (dois anos).