A Sociedade Rural Brasileira (SRB) respondeu a Consulta Pública da Anvisa que trata da manutenção do ingrediente ativo glifosato em defensivos agrícolas no País. A entidade defendeu que o registro e comercialização da substância assegura a agricultores de todo Brasil mais segurança e eficiência na produção. A SRB vem mobilizando produtores rurais de todas as regiões para que também participem da Consulta Pública.
Em sua manifestação, a SRB alega que a suspensão do glifosato representa prejuízo de mais de R$25 bilhões para a balança comercial brasileira, com risco de desabastecimento interno, quebra da produtividade e competitividade no mercado externo. Os números foram apresentados em dezembro do ano passado pelo desembargador federal Kassio Marques, do TRF-1, quando o Magistrado derrubou uma liminar do Ministério Público Federal (MPF) que suspendia a substância.
A SRB aponta que o custo de produção por hectare de lavoura aumentaria consideravelmente sem a substância. A redução da rentabilidade representaria para os produtores retração da área plantada e queda na produção. “O atual cenário brasileiro reforça o sentido de urgência em garantir segurança jurídica ao produtor, visto que a proibição do glifosato sensibilizaria integralmente as dinâmicas de produção”, afirma a entidade na manifestação.
Na Consulta Pública, a entidade também citou a inevitável perda de competitividade do agronegócio brasileiro nos principais mercados internacionais, já que outros países produtores de commodities continuariam a utilizar o glifosato e a se beneficiar da efetividade do defensivo. Um estudo da LCA Consultoria estimou perdas de R$221,8 bilhões na produção de soja, R$184,9 bilhões nas safras de milho e R$21,4 bilhões nas plantações de algodão ao longo da próxima década.
Baixo risco à saúde
Ainda de acordo com a entidade, não existem justificativas plausíveis para a proibição da substância, já aprovada por todos os órgãos competentes, inclusive a Anvisa, mediante rígidos estudos técnicos. “A aplicação correta, feita com os equipamentos de proteção individual como jaleco, botas impermeáveis, luvas e respirador é extremamente segura”, diz o presidente da entidade, Marcelo Vieira.
No fim do ano passado, a SRB divulgou um levantamento da Unicamp sobre os riscos de contaminação e danos à saúde de quem atua diretamente com glifosato. O estudo, que envolveu 30 trabalhadores rurais de uma das principais regiões produtoras de grãos de Mato Grosso, constatou traços do produto em 11% das amostras e, ainda assim, em quantidades inferiores aos limites estabelecidos pela Anvisa.