O Brasil registrou oferta recorde de etanol na safra 2018/2019 com a produção de 33,10 bilhões de litros, sendo 9,91 bilhões de litros de anidro e 23,18 bilhões de litros de hidratado, conforme os dados consolidados da região Norte-Nordeste publicados pelo Ministério da Agricultura (MAPA) e do Centro-Sul pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
Para o diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “com esse resultado, o mix de produção para etanol na safra 2018/2019 atingiu 64,29%. Esse número reflete a maior prioridade das unidades produtoras em produzir o biocombustível em detrimento ao açúcar devido a remuneração superior no período. Outro ponto a se destacar é a capacidade das usinas em flexibilizar a oferta de produto conforme as condições de mercado de combustíveis vis o de açúcar.”
Conforme destacado, importante salientar que na safra 2018/2019, observou-se uma redução de quase 10 milhões de toneladas na produção de açúcar e de 8 milhões de toneladas na quantidade exportada em relação ao ciclo 2017/2018. Essa retração, justifica-se pelo mais baixo nível de preço da commodity nos dez últimos anos, decorrente do excesso de oferta de açúcar no mercado mundial influenciada diretamente pela produção subsidiada em grandes países produtores que respondem por cerca de 30% da oferta global (170 milhões de toneladas). A saber em 2018, a cotação do contrato de açúcar nº11 na bolsa americana fechou em 12,03 cUS$/lb, menor valor desde 2008 quando foi registrada 11,29 cUS$/lb, por conta dessas medidas que impedem a livre concorrência.
Com efeito, a produção brasileira foi direcionada para o etanol e o resultado pode ser notado no agregado da safra 2018/2019, quando o volume comercializado de etanol carburante pelas usinas e destilarias brasileiras somaram 30,61 bilhões de litros, alta de 20,44% sobre àquele apurado no ciclo 2017/2018 (25,42 bilhões de litros). Desse total, as vendas de etanol hidratado se destacaram, somando 21,43 bilhões de litros, com aumento de 39,71% quando comparado ao ciclo agrícola anterior. A comercialização de etanol anidro, em sentido contrário, diminuiu 8,88%; 9,18 bilhões de litros na safra 2018/2019 contra 10,08 bilhões de litros no ciclo anterior, refletindo a menor quantidade demandada de gasolina.
Ademais, as vendas de etanol para o mercado industrial, isto é, não combustível, se mantiveram estáveis em relação a safra 2017/2018 com um volume comercializado de 920 milhões de litros.
Consumo de etanol combustível
Na safra 2018/2019, dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilados pela UNICA indicam que o consumo de etanol hidratado registrou 20,73 bilhões de litros, crescimento de 39,40% ante o ciclo 2017/2018. Isso representa um volume de 5,86 bilhões de litros adicionais consumidos em todo o Brasil. Adicionalmente foram consumidos 10,1 bilhões de litros de etanol anidro, o aditivo da gasolina, totalizando 30,83 bilhões de litros de etanol.
Como reflexo, o renovável (anidro + hidratado) registrou participação de 47,41% na matriz de combustíveis leves (ciclo Otto). A série histórica indica que este percentual é o maior já observado desde a safra 2008/2009, 46,13%.
Para Rodrigues, “o uso do etanol na safra 2018/19, garantiu uma economia de US$ 5,2 bilhões ao País evitando a importação de 10,5 bilhões de litros de gasolina que seriam necessários para garantia do abastecimento interno. Esses valores somente ressaltam a importância do setor sucroenergético que traz inúmeros benefícios não somente econômicos, mas ambientais e sociais para toda a população”, concluiu.
Avaliando o desempenho por Estado, destaque para São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás, responsáveis por 72% de todo hidratado consumido no País, garantindo uma participação do renovável acima de 50% na matriz de combustíveis leves.
Estes números refletem a competitividade superior do hidratado frente à gasolina em praticamente todo o País durante toda a safra 2018/2019. De acordo com a ANP, a paridade média brasileira de preços entre estes combustíveis atingiu 64,9%, índice muito abaixo da relação técnica que varia entre 70% e 75,4%.
Comércio exterior
De acordo com os dados publicados pela Secretaria do Comércio Exterior (SECEX), no período de abril de 2018 a março de 2019, o saldo comercial do etanol foi superavitário em 290 milhões de litros, o equivalente a US$ 305 milhões.
No período foram exportados 1,79 bilhão de litros (US$ 929,83 milhões) destinados principalmente para os Estados Unidos (971,63 milhões de litros) e Coréia do Sul (558,74 milhões de litros). A importação, por sua vez, gerou dispêndio de US$ 625,23 milhões (1,50 bilhão de litros), sendo os EUA o principal parceiro comercial, representando 99,3% do volume.