A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma técnica de produção agropecuária que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais, dentro de uma mesma área.
O ILPF pode ser adotado de diferentes formas, com inúmeras culturas e diversas espécies animais, adequando-se às características regionais, às condições climáticas, ao mercado local e ao perfil do produtor.
Nos últimos anos, especialistas têm observado um crescimento da adesão ao sistema ILPF por parte dos produtores. Segundo Renato Rodrigues, pesquisador da Embrapa Solos e presidente do Conselho Gestor da Associação Rede ILPF, uma pesquisa realizada em 2015 estimou uma evolução na adoção da tecnologia no país. “De acordo com os dados, que foram levantados pelo Kleffmann Group, em 2005 a área com ILPF não chegava a 2 milhões de hectares no Brasil”, conta. De acordo com os dados recentes do IBGE (Censo Agropecuário 2017), já são quase 15 milhões de hectares de ILPF no Brasil. O número representa um aumento de 30% em três anos, quando comparado com dados levantados em pesquisa encomendada pela Rede ILPF na safra 2014/2015.
Vale destacar que a integração lavoura-pecuária é a estratégia mais utilizada dos sistemas integrados, ocupando 83% da área. A ILPF completa ocupa 9%, a Integração Pecuária-Floresta (IPF) 7% e a Integração Lavoura-Floresta (ILF) 1%.
O crescimento do uso da tecnologia está nas inúmeras vantagens que ela oferece, como a recuperação de solos degradados, manutenção da biodiversidade e sustentabilidade da agropecuária, a rotação de culturas, melhoria do bem-estar animal em decorrência do maior conforto térmico, melhoria progressiva da renda do produtor, redução das emissões de gases de efeito estufa, e aumento da produção de grãos, carne, leite, produtos madeireiros e não madeireiros em uma mesma área.
Para o produtor Rodrigo Bazotto Werlang, que adotou o sistema há cerca de dois anos, a técnica tem uma importante vantagem. “Você faz três atividades em uma mesma área. Claro que o retorno é a longo prazo, mas é muito interessante”, destaca.
Werlang afirma que como já trabalhava com a lavoura e a pecuária, resolveu fazer a integração com a floresta de acácia e eucalipto. Em sua propriedade de 340 hectares, no Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF), ele cultiva soja, milho, feijão, trigo e sorgo em uma área 240 hectares. O produtor, que possui 80 cabeças de gado, contou com a orientação de técnicos para a implantação do sistema. “Recebi toda uma orientação dos técnicos da Emater-DF, que nos auxiliaram no processo de integração da Lavoura-Pecuária-Floresta.”
Apesar do crescimento, o sistema ILPF apresenta hoje alguns desafios para a implantação nas propriedades, como a assistência técnica de qualidade para o produtor e os técnicos rurais. “O sistema ILPF é mais complexo do que os sistemas solteiros e demanda um maior conhecimento técnico e de gestão por parte dos técnicos e produtores, que extrapola os componentes agronômicos e zootécnicos”, explica o pesquisador. “O produtor precisa fazer uma gestão integrada da propriedade, conhecer novos produtos e mercados, saber qual é o melhor arranjo produtivo para a região e para a propriedade dele, etc. Com esses conhecimentos é possível fazer uma produção muito mais rentável e de menos risco”, acrescenta.
Várias pesquisas vêm sendo conduzidas pela Embrapa sobre sistemas ILPF. Muitas delas são multidisciplinares e envolvem abordagens distintas sobre a tecnologia. Além disso, são realizadas em todos os biomas do país, uma vez que as estratégias utilizadas são distintas de acordo com as condições de cada região.
Entre as pesquisas em andamento sobre arranjos produtivos estão as que conferem aumento de produtividade e renda para o produtor dentro da ILPF; potencial de mitigação de emissões de gases de efeito estufa, sequestro de carbono no solo e na biomassa; manejo integrado de pragas em sistemas integrados; manejo e conservação de solo e água dentro do sistema ILPF; aspectos físicos e químicos do solo; avaliação econômica de sistemas ILPF, entre outros.
O ILPF tem uma unidade demonstrativa permanente no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, onde acontece a Feira. No dia 17 de maio acontecerá o Dia de Campo sobre Produção de Leite no sistema ILPF. Está programada visita às estações técnicas, além de palestras com a participação de pesquisadores da Embrapa sobre a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta; produtividade e conforto térmico de bovinos leiteiros no âmbito do sistema; a produção de leite orgânico e ainda o leite A2A2 como fator de agregação de renda e benefícios para a saúde humana.