O uso de biocombustível na atividade agroindustrial se mostra como uma tendência. Entre os benefícios apontados está a redução das emissões de gases do efeito estufa, contribuindo com os índices de sustentabilidade para o agronegócio. Também pode ser uma alternativa para o governo equilibrar a balança comercial. Nesse contexto, no dia 24 de abril aconteceu em Piracicaba o Workshop sobre “Desafios para o desenvolvimento de capacitação e aplicação da tecnologia para o uso de biocombustíveis nas atividades de produção no agronegócio brasileiro”.
O evento foi resultado da colaboração do Parque Tecnológico de Piracicaba, através do Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Instituto Brasileiro de Bioenergia e Agronegócios (IBBA). O objetivo foi congregar os setores privado, público, órgãos do governo e agências institucionais para discutir um plano estratégico para o Brasil visando o aproveitamento de biocombustíveis para a realização das atividades agroindustriais.
O professor Antonio Batista Filho, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq, um dos coordenadores do evento, contou que as perspectivas para o setor são boas visto que o Brasil apresenta grande demanda por biocombustíveis e a balança comercial é negativa, pois necessita importar combustíveis para manter a frota brasileira. Portanto, segundo Batista, o uso de biocombustíveis pode ser uma alternativa para que haja equilíbrio. “Para isso, é necessário maior desenvolvimento dessa tecnologia. A Esalq pode contribuir a partir do desenvolvimento de projetos de pesquisa e de desenvolvimento industrial avaliando equipamentos nas atividades do agronegócio e fazendo interligação com o governo e com outros elos da cadeia produtiva”.
O vice-diretor da Esalq, João Roberto Spotti Lopes, lembrou na abertura dos trabalhos que empregar o combustível renovável pode representar grande desenvolvimento do setor. “Cremos que a produção e o uso de biogás trarão impactos positivos, para isso temos obstáculos a superar, então precisamos juntar competências para vencer questões complexas”. O professor contou que a Esalq pode amparar o setor estudando aspectos dos subprodutos, aproveitamento do biogás e otimização do processo de geração de biocombustível.
Além do investimento em pesquisa e desenvolvimento, o chefe do laboratório de engenharia térmica do IPT, Sérgio Inácio Ferreira, disse que é necessário provocar as empresas produtoras de caminhões e produtos agrícolas a contribuírem com o desenvolvimento dessa tecnologia. “Isso só vai ser possível quando se partir da iniciativa tanto do agronegócio quanto dos órgãos governamentais”.
Alguns dos temas abordados no workshop foram os impactos econômicos, ambientais, sociais e as externalidades do uso de biogás no agronegócio brasileiro, a experiência de empresas na condução do projeto de produção comercial de biogás e utilização em frotas de caminhões, a tecnologia de produção e purificação, liquefação e abastecimento de biometano e a posição do governo em relação ao desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias visando benefícios para a balança comercial e a redução das emissões de gases de efeito estufa.