A participação da raça Senepol no programa de carne Premium da JBS, o 1953, continua crescendo. Desta vez, os lotes para abate saíram do rebanho da Fazenda São João, localizada em Inocência/MS, e seguiram para a unidade da JBS em Campo Grande. Antes disso, o criador de Senepol, Marcos Mogari, recebeu na fazenda o técnico inspetor do programa de certificação de carne SQA, Mário Henrique Alves da Silva, para vistoria, pesagem, análise, avaliação e validação dos lotes de animais destinados ao abate. Durante a visita, ocorrida em março, foram apartados vários animais, para a formação de lotes homogêneos em grupos contemporâneos. “Usamos como critérios de apartação o peso, a conformação frigorífica, o comportamento e o GMD (Ganho Médio Diário). Os lotes foram selecionados para atender à programação de diversos abates previstos para este ano”, esclarece o técnico da ABCB Senepol.
Para o primeiro abate, foram apartados dois lotes. O de fêmeas foi composto por quatro novilhas e uma vaca de cruzamento industrial, tendo como pai touros da raça Senepol PO registrados e mães variadas, entre Nelores e mestiças. No quesito acabamento, a classificação foi como Mediano. O peso médio foi de 457,2 kg (15,24 @) e quatro para cinco dentes. O lote de machos tinha 15 garrotes de cruzamento industrial, também filhos de touros Senepol registrados e mães Nelore e mestiças. O acabamento foi classificado como Uniforme, e o peso médio ficou em 528,1 kg (17,6 @) e três dentes.
Os dois lotes foram abatidos em abril, com todo o procedimento acompanhado pelo inspetor do SQA, Carlos Freitas. A maioria das cabeças abatidas recebeu classificação dentro do protocolo Sinal Verde, garantindo uma bonificação extra ao produtor.
A Fazenda São João trabalha com o sistema de semiconfinamento. A genética Senepol passou a ser utilizada nos cruzamentos em 2012. “Decidimos testar a raça em parte do rebanho e os resultados foram muito bons. Os animais apresentaram bom desempenho e, diante disso, resolvemos usar de forma mais intensa o Senepol nos cruzamentos com Nelore”, diz Marcos. Com a qualidade dos touros comprovada a campo, a São João decidiu, em 2015, dar início ao seu plantel puro. Atualmente, a seleção é para atender à demanda interna da propriedade, mas o criador espera, em breve, produzir reprodutores para comercialização.
Segundo o pecuarista, a Fazenda São João tem como objetivo fornecer produtos de maior qualidade, visando a uma bonificação extra por parte dos frigoríficos. A fazenda já participa do Precoce MS, programa de incentivo à produção de bovinos precoces em Mato Grosso do Sul, que garante um pagamento diferenciado pelo produto entregue e conta com 14 frigoríficos credenciados. E, agora, passa também a ser fornecedora dos programas da JBS.
Para maio, julho e novembro de 2019, além de abril de 2020, estão programados mais quatro abates. Os três primeiros lotes serão de fêmeas e o último, de machos, todos meio-sangue Senepol. Os animais já começam a receber um reforço na suplementação, visando a atender totalmente as exigências dos diversos protocolos da JBS, como o 1953, Sinal Verde, além da Cota Hilton e Europa, e, consequentemente uma bonificação ainda maior que a do lote recém-abatido. Para isso, foi feito um planejamento nutricional para preparar os animais, que continuarão sendo manejados a pasto, mas receberão uma suplementação adequada para a fase de terminação para melhorar o rendimento de carcaças, o acabamento e a padronização frigorífica. “O Senepol já provou ser uma raça muito precoce e ideal para cruzamento. É preciso divulgar cada vez mais os resultados alcançados nos cruzamentos, pois muitos produtores deixam de usar o Senepol porque não conhecem as suas qualidades. Eu já fui um deles, mas meu receio acabou logo que nasceram os primeiros animais meio-sangue na fazenda. É um caminho sem volta. Quem usa Senepol, não quer mais abrir mão dessa genética”, finaliza Marcos, que conduz a Fazenda São João em conjunto com outros membros da família Mogari.